A qualidade de vida tem acompanhado a longevidade?

Vida: longevidade com qualidade.

Tem sido assim?

Cada um de nós nasce com uma bagagem genética individual, uma máquina (organismo) programada para fazer as alteraçõe necessárias para a retomada do equilibrio interno, a cada adversidade que surja (de acordo com as possibilidades de cada um) e uma “bateria” com vida útil média pré-estabelecida mas que a cada mudança de rota (reprogramação orgânica) perde um pouco de energia que não será reposta “ad eternum”.

Em outras palavras:

O que nos dá vida é algo indefinível até hoje, mas que mantém o todo orgânico funcionando bem azeitado. E do que essa coisa que passo a chamar de energia se nutre? Daquilo que é a nossa essência: a felicidade, que é a ligação com a criação, com o todo, através da natureza e do amor. Estar feliz é estar em paz, conseguir ver e sentir a beleza à sua volta. Ser capaz de estender a mão a qualquer um que precise. É amar a si mesmo e aos outros. Deixar de pensar como indivíduo, apenas, e ter consciência cada vez maior, de ser parte de um todo infinito. A saúde é um reflexo deste estado. Não somos (e nunca seremos) absolutamente saudáveis (mesmo quando não tivermos doença aparente).

Mas podemos ser saudáveis o suficiente para ter uma vida plena e uma velhice digna de ser vivida.

O que os médicos fazem (e bem), é apenas estabilizar-nos por um tempo. Tempo este maior ou menor, dependendo do quanto já consumimos da nossa“energia”disponível. Vida, em outras palavras, é a energia dentro de nós que mantém funcionante a capacidade de auto-regulação do nosso organismo. Cada vez que ela (energia) diminui, nós médicos entramos em ação e mantemos o corpo funcionando, até que ele se recupere e passe a dar conta sòzinho da tarefa. Mas, não é infinita esta energia. Ela diminui com a idade. Isso já sabemos, uma vez que aos poucos existe uma falência múltipla dos nossos órgãos e morremos. Alguns com mais de cem anos, outros antes dos sessenta.

O que nós, médicos, aprendemos foi como manter o organismo vivo por mais tempo, mesmo que a energia que reste a ele, sòzinha, não seja mais capaz de mantê-lo.

Do outro lado da questão, está a percepção cada vez mais intensa de que essa nossa energia vem de uma espécie de pilha que pode ter recarga sim, mas não ilimitada. Cada vez que ultrapassamos os limites de uso, a energia que sobra vai sendo insuficiente para reequilibrar-nos diuturnamente. E aí o ciclo passa a ser vicioso. Os remédios e cirurgias nos reequilibram, temporàriamente, mas ao longo do tempo, além de ficarmos reféns deles, seus efeitos sobre esta energia que resta não são positivos. É como uma bateria que é recarregada sem estar completamente sem carga: fica viciada e não mais funciona com plena autonomia durante o tempo que foi programada para durar.

Não seria ótimo que aliássemos mais qualidade de vida à longevidade que nos é possível hoje pelos avanços da ciência? Ela (ciência) se agigantou em muitas áreas, mas estagnou em muitas outras. Como não fomos capazes de ver que o nosso novo estilo de vida minaria os esforços em relação à melhoria do estado de saúde, que esperávamos que viesse atrelada à longevidade conquistada?

Pesquisas mostram que vivemos mais sim, mas que esses anos a mais não representam, para a maioria de nós, conforto e bem estar.

Rudiger Dahlke em seu livro “Qual é a doença do mundo – os mitos modernos ameaçam o nosso futuro” comenta que, de 1920 a 2001,quando o livro foi editado, as ditas doenças da civilização aumentaram exponencialmente, segundo a Organização Mundial de Saúde. Em ordem decrescente, a doença de Alzheimer aumentou em oitenta e nove vezes, a esclerose múltipla cinqüenta e nove vezes, o diabetes mellitus cinqüenta e oito vezes e a obesidade, o câncer, as doenças reumáticas e as cardiovasculares au- mentaram, respectivamente, trinta e cinco, vinte, dezessete e catorze vezes,neste período de oitenta e um anos.

Em menos de cem anos tivemos uma deterioração da saúde inimaginável para quem pensava em longevidade caminhando paralela à qualidade de vida. Imaginava-se uma sendo conseqüência natural da outra e ambas fruto do desenvolvimento tecnológico e científico que vivemos neste período.

Estávamos errados. E poucos de nós, como já disse, nos demos conta ou nos importamos com essa nova realidade. Mais do que isso, poucos de nós nos preocupamos em alertar outros sobre ela. E todos os que pensam a saúde integrando corpo, mente e meio ambiente têm vivido e praticado “medicinas” diferentes da medicina oficial, ortodoxa.

É sempre tempo de reflexão!

Mantendo a saúde

Você nasceu saudável, não é portador de nenhuma anomalia genética,tem tudo para ter muita saúde por um longo tempo! Viver já é uma experiencia e tanto,dirá voce!  Mais ainda tentar não adoecer no mundo de hoje,não é?

Não é bem assim…

Viver sem saúde é bem mais difícil, com certeza. Mas o que precisa ser discutido é como fazer para ter saúde. Não temos um manual à nossa disposição. Será que não? Nas escolas se discute sexo, existe consenso em relação à necessidade de educação para o sexo fora do ambiente familiar. A função de alerta em relação à procriação não consciente e às doenças sexualmente transmissíveis, foi assumida pelo poder público para minimizar os danos que viriam, com a evolução natural para o caos na saúde, acelerada pela pandemia da Aids (Sida).

Hoje vemos crescer a prevalência de doenças ligadas à opção equivocada que fizemos pelo fast-food e pelo sedentarismo conseqüente ao ritmo desenfreado da era pós-industrial. Não podemos “perder tempo”. Vivemos uma era “acelerada” em que tudo nos é facilitado. Dos shakes e sanduiches que substituem a refeição aos carros, controles remotos e facilidades eletrônicas. As anunciadas epidemias de obesidade, câncer e diabetes tipo 2 sobrecarregam cada vez mais as unidades de saúde ( públicas e privadas ). Tornamo-nos cada vez mais, doentes crônicos, reféns de nós mesmos.

Mas você sabe que depende somente de nós a iniciativa de mudar este cenário?

A mesma estratégia em relação às doenças sexualmente transmissíveis deveria ser usada para ensinar a ser saudável. Em alguns países, faz parte da grade curricular a matéria “economia doméstica”, preparando o jovem para a vida adulta. Assim deveria ser com a orientação para a saúde, que deveria estar presente desde a infância. Em todas as fases do desenvolvimento do indivíduo. Este aprendizado é lento e deve ser contínuo. Não é matéria para um período único.

Até agora o que temos visto são ações voltadas para saúde sim, mas pontuais. Relacionadas às epidemias de gripe e outras doenças infecciosas. É verdade também que campanhas a respeito de hipertensão arterial, diabetes e glaucoma, volta e meia estão na mídia, mas a forma de apresentar a doença ao individuo não é a ideal. Falam em prevenção quando se referem, na verdade, à detecção precoce da doença. Não é apenas esse aspecto que precisa ser divulgado.

O que nos mata mais e nos tira a dignidade no envelhecimento são as doenças crônicas degenerativas. E essas, quando chegam a ser diagnosticadas são tratadas pelo resto da vida. A prevenção real é fazer o leigo entender o que leva o organismo a desenvolver essas doenças crônicas. E ele se sentir motivado a evitá-las.

A conscientização para a senilidade responsável e de qualidade, não move um mundo voltado para a beleza, juventude e o prazer acima de tudo, aqui e agora!

Sem falar na falta de interesse em promover a prevenção. A demanda cada vez maior pelos serviços e produtos relacionados à assistência médica e à industria farmacêutica é um indicador de que o cuidado em relação à saúde tem sido avaliado de forma equivocada. No aspecto econômico-financeiro, o tratamento da doença é mais interessante do que a promoção da saúde.

Será que temos consciência disso?

Médico, um consultor de saúde

Informar para conscientizar!

O médico pode e deve ser um consultor de saúde. É através dele, de seu conhecimento e da sua experiência que somos beneficiados pelas varias terapêuticas disponíveis. Porém saúde não é apenas a ausência da doença. Devemos ser capazes de ser agentes do nosso próprio bem-estar, conhecedores de nosso corpo e de seu funcionamento, uma vez que é através dele que “vemos e vivemos” a vida ao nosso redor. Cabe ao médico o papel de diagnosticar a doença e tratar, da melhor maneira possível, cada situação de ausência de saúde que se abata sobre nós, indivíduos.

Mas podemos (e devemos) nos inteirar de como auxiliar o corpo a manter o equilíbrio interno e evitar a doença, não para prescindirmos do médico, uma vez que pela nossa própria essência mortal isso é inevitável, mas para que possamos prolongar nosso bem-estar ao máximo, mantendo a qualidade de vida que sabemos ser possível ter. E para isto, não basta o cuidado médico, pontual, por melhor que seja, a cada vez que adoecemos. Cada um de nós deve retomar para si a responsabilidade de se manter saudável.

Surgiu então a necessidade de passar adiante parte do conhecimento possível de ser compreendido pelo leigo. No caso deste blog, isto é feito para auxiliá-lo na compreensão do conceito de saúde em geral. Com isso, pretendo conscientizar o leitor a respeito da necessidade de investir na parceria médico-paciente e na observação de cuidados essenciais para garantir uma excelente capacidade visual a longo prazo. O conteúdo aqui veiculado é fruto de uma visão pessoal do binômio saúde-doença, apoiado na prática clinica diária, em oftalmologia, há mais de 30 anos.

Atualmente, a facilitação da informação é uma das tarefas do médico. Estou certa de que a educação em saúde é a forma ideal de se contrapor à doença. A prevenção só é eficaz quando paralelamente se promove a saúde através da educação. Informar é educar!

Uma das primeiras providências no sentido de devolvermos ao indivíduo a responsabilidade pela sua saúde passa necessariamente pela informação. Através da educação em saúde. Este é um dos objetivos deste blog: informar para conscientizar.