Manual de Saude

Assim como os atores nós desempenhamos vários papeis ao longo da nossa vida. Amamos, procriamos, cuidamos, protegemos nossos filhos e vivemos uma vida de muitas cores vívidas, com e através deles. Sempre evoluindo na forma de pensar, nas atitudes enfim, seres camaleônicos que somos, nos desenvolvemos através do processo de viver a vida. Num outro momento mais para a frente somos cuidadores de quem cuidou de nós. Agora nos relacionamos de forma diferente com eles; a vida nos dá uma nova oportunidade de aprendizado e afeto. Até que, em algum momento sejamos cuidados também! Esta é a dinâmica da vida!

Eu tinha essa mania de querer um manual para a vida (ou pelo menos para a saúde, área que sempre me interessou)

Não é justo ou pelo menos não faz sentido para mim termos que vivenciar a doença sem a oportunidade de evitá-la! Estamos todos aqui buscando sermos felizes no processo de viver. Aprendemos Matemática, Português e outras matérias para sabermos lidar melhor com as várias situações futuras. Nos preparamos para a vida adulta de várias formas. E por que não aprendemos a nos cuidar desde cedo para um melhor aproveitamento do corpo que nos abriga durante todo o processo de viver? Para mim isso sempre foi um mistério!

Em 2010 eu escrevi a respeito. “Saúde ou doença: sabia que você tem uma escolha?”. Na verdade, eu pensei num Manual de instruções. Um “manual do proprietário”. Mas já havia sido publicado um livro (do médico Edmond Saab) com este nome. E eu tomei conhecimento de outros colegas que se interessavam por saúde num momento em que a doença ainda era a única atenção e objeto de estudo do médico. Afinal na escola Medica aprendemos tão somente a lidar com a doença e não a buscar entender o que nos faz adoecer. Hoje vivemos a era da Epigenética, sabemos que não somos reféns da nossa genética. E em pouco tempo muitos se interessaram por esta interessante e muito mais gratificante forma de cuidar da saúde do indivíduo. Não apenas fazer a identificação precoce da doença! O que antes se chamava de ‘prevenção’ e que hoje sabemos ser (apenas) identificação precoce de um problema). A verdadeira prevenção diz respeito a evitar que uma característica herdada (genética) venha a se manifestar em nós, cuidando para manter este gene silenciado. Não deixa-lo se expressar, ou seja, evitar a manifestação da doença. Isto é possível!!!!!

Enfim, uma mudança de paradigmas!  A evolução natural da Medicina seria associar prevenção verdadeira (identificação de riscos e solução para estes vieses) ao tratamento, na arte de cuidar de outro indivíduo. Atuar como medico seria atender o indivíduo nas suas necessidades pontuais enquanto vivenciando uma doença sim, mas ao mesmo tempo conduzindo e orientando este indivíduo para a Saúde. Ou seja, instruindo e sendo parceiro na construção do seu processo de saúde. Somos (cada um de nós) únicos em nossa individualidade bioquímica e em nosso terreno biológico. Devemos, portanto, buscar nosso “mapa”, nossa “bula” ou melhor, conhecer nosso “Manual do proprietário” e, com isso, vivermos com muito mais saúde e menos sofrimento. Assim como a morte física é verdade absoluta para todos nós, o sofrimento neste processo pode (e deve) ser opcional!

Envelhecer com mais saúde deve ser a nossa meta!

E não estar doente não significa necessariamente ter saúde, lembre-se disso! Costuma haver um hiato de 7-10 anos entre não apresentar sinais e/ou sintomas e o adoecimento.

As vezes nos afastamos dela, saúde, mas sempre é possível a retomada da melhor homeostase (equilíbrio) possível a cada época da vida!

Vamos focar na saúde em vez da doença?

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Diferentes Medicinas: tratar ou prevenir

Intervenção terapêutica versus promoção de saúde

 

Algumas vezes somos questionados sobre as diferentes Medicinas e as diferentes formas de avaliação de Saúde. Cabem esclarecimentos.

Não vejo diferentes Medicinas. A Medicina é uma só. A forma de pensar a saúde e a doença é que varia. Nem vou falar de religião! Vou comparar com o futebol. Existe Futebol (ponto). Todos sabemos as regras de jogo. A finalidade é o gol…mas diversas são as formas de se chegar lá! Existem times que jogam na retranca outros não. E dependendo do resultado parcial de um jogo, os técnicos podem mudar de esquema tático. Hoje em dia os mais usados são o 4-4-2 e o 3-5-2 (segundo a wikipedia, por que eu mesma não entendo nada de futebol…)

Então em Saúde existem os que pensam (e atuam) no curto prazo, na doença aguda, instalada, nos sintomas atuais tão somente e usando medicamentos que abortam esses sintomas e livram o paciente das queixas pontuais. Na emergência médica essas ações salvam vidas. É uma medicina de altíssima qualidade e que vem aumentando o índice de longevidade. Mas na doença crônica sua eficiência deixa a desejar. A qualidade de vida não tem acompanhado a longevidade.

E há os que identificam como objetivo maior a prevenção da doença, não apenas seu tratamento.

Cada indivíduo tem sua herança genética, vive em ambientes e tem estilos de vida diferentes, que contribuem positiva ou negativamente para a expressão desses genes Além dos nossos genes herdados, carregamos possíveis mutações. Esse conjunto engloba o terreno biológico. Expressar ou não os genes significa adoecer ou não. E hoje sabemos pela Epigenética (um novo viés do estudo da genética médica) que nós podemos, sim, não expressá-los! Não somos reféns da nossa carga genética como pensávamos antes!

Identificando o terreno biológico do indivíduo e, sem deixar de resolver queixas pontuais, estabelecemos metas e criamos ações de médio e longo prazo para que o organismo retome seu equilíbrio em cada fase da vida.

A Medicina Biomolecular é uma das formas de pensar e fazer esse tipo de acompanhamento. Todas as formas de atuar na saúde podem levar a resultados positivos. Existem aqueles que só se tratam com homeopatia, outros usam o saber milenar da Ayurvedica ou da Medicina Chinesa. Eu sou mais eclética e penso que cada saber acrescenta e a intervenção hoje pode ser diferente da que faremos amanhã. Existem tipos de doença em que a homeopatia traz mais benefícios a longo prazo e menos danos colaterais do que a alopatia (p.ex. nas alergias). Todas as alternativas são válidas. Vai depender do momento usar uma ou de outra forma de ver e tratar do adoecimento.

Mas pensando em evitar a doença, se conhecemos o terreno biológico do indivíduo e os fatores de risco específicos podemos tentar identificar que direção o organismo está tomando ao ter que lidar com a predisposição e os fatores de risco ambientais e de estilo de vida.

Se identificamos desvios de rota temos que alertar o indivíduo para que faça as modificações necessárias para que o organismo retome a rota que mais provavelmente o livrará da doença. Não há como cobrir todos os possíveis vieses mas dessa forma teremos uma boa dianteira em relação à doença. No longo prazo isso significa longevidade mais saudável!

 

Um exemplo:

A avaliação de um exame plasmático (exame de sangue) pode ser feita de duas formas. A primeira buscando sinalizadores de doença (leitura alopática, ou seja, medicina convencional ortodoxa). A outra forma é fazendo uma leitura do terreno biológico, sinalizadores de possíveis áreas onde o organismo enfrenta maiores dificuldades para se equilibrar e que, portanto a médio e longo prazo se traduzirão em perda da homeostasia (equilíbrio orgânico) e consequentemente aparecimento da doença.

Em relação à insulina, os valores de normalidade indicados pelos laboratórios são valores obtidos estatisticamente analisando uma população X (pessoas doentes e sadias). Na visão da Medicina Biomolecular, o valor ideal da insulina seria entre 5 e 6. Como a discussão sobre manteiga e margarina, qual delas é pior para a saúde, em Medicina existe também interpretações distintas em relação aos valores dos exames plasmáticos. Eles mudam de tempos em tempos. Por ora, esses são os valores utilizados para avaliar predisposição. Um aumento desses valores a longo prazo significa “resistência à insulina” e leva a mudanças bioquímicas importantes que se traduzem mais tarde por alteração no metabolismo da glicose e aí sim, o diabetes tipo 2 seria diagnosticado.

Além disso não devemos nos esquecer de que um dado isolado não tem significado maior. Devemos sempre nos reportar aos resultados anteriores do mesmo exame naquela mesma pessoa (análise sequencial comparativa). A comparação dos valores obtidos em cada exame, de tempos em tempos é que sinaliza que algo não vai bem no organismo. Um exemplo bem próximo, minha mãe tinha insulina em torno de 6-7. Num determinado momento a insulina foi para 11 e (não por acaso) os triglicerídeos subiram muito. Essa fração da gordura do sangue pode expressar uma alteração no mecanismo de aproveitamento e armazenamento da glicose. Feita mudança de dieta, 4 meses depois a insulina estava em 8 (mais próxima do ideal dela). Isso num organismo octogenário, ou seja, em que o retorno ao equilíbrio é mais difícil uma vez que o envelhecimento cronológico significa também envelhecimento biológico. Ou seja, o retorno à normalidade das reações químicas de restauração é sempre mais difícil de acontecer quanto mais velhos ficamos.

Enfim, não existe apenas uma versão dos fatos. Várias leituras são possíveis, dependendo do que estamos buscando. “Saúde” pontual (hoje) de um lado ou saúde no longo prazo, para isso tendo que realinhar objetivos e resultados, em nova direção evitando assim um desfecho negativo futuro (evitável).

Nem sempre temos essa possibilidade em Medicina. Muitos dados desconhecemos. Mas em relação ao Diabetes Mellitus tipo 2, uma epidemia anunciada para este século (junto com câncer e Alzheimer), já temos muitos dados que facilitam a condução de muitos casos evitando (ou postergando) seu aparecimento na grande maioria dos casos. Isso quando o indivíduo entende o processo e as medidas necessárias para mudar o quadro. É senso comum que se você quer corrigir um comportamento tem que entender a causa dele, em primeiro lugar.

A resistência à insulina não existe apenas nos obesos ou sobrepeso. As doenças têm seu tempo de incubação se posso me referir dessa forma em relação às doenças crônicas degenerativas evitáveis. Em média o que se vê é um intervalo (“gap”) de 7 a 10 anos antes que um desequilíbrio bioquímico muito incipiente (ainda no início) se transforme em doença detectável. O organismo humano é uma máquina sensacional, maravilhosa! Ele faz de tudo para reparar os danos que nós (por ignorância ou teimosia) causamos a ele e a nós mesmos. E só então “joga a toalha e desiste”. Ele nos dá tempo para modificar o que pode ser modificado. Por isso se fala em “aprender a ouvir o corpo”. Existem vários livros a esse respeito.

O Alzheimer hoje está sendo visto como um tipo de diabetes (tipo 3) por conta do aumento da resistência à insulina observada a nível neuronal. Vale lembrar que o cérebro é movido à glicose! Mas se o metabolismo dela fica alterado, todas as outras reações que se processam no cérebro (utilizadas para manter seu perfeito funcionamento) são alteradas. E algumas áreas sofrem mais do que outras (p.ex. hipocampo).

A leitura de um exame de insulina, por exemplo, fica mais complicada numa mulher com SOP (síndrome de ovários policísticos) doença que não é dos ovários, apesar do nome. Nesse caso o problema está na hipófise (que regula os hormônios) e a desregulação ovariana é o primeiro sintoma. Estudos apontam a SOP como fator de risco (50%) para DM2 (diabetes mellitus tipo 2) em mulheres após os 40-45 anos. Então, na pratica clínica preventiva, toda jovem com diagnostico de SOP deve ser alertada para mudança de hábitos alimentares desde cedo para evitar o DM2. Por que arriscar?

A SOP depois que a jovem já iniciou o uso de anticoncepcionais desaparece e a disfunção hormonal (hipotálamo) fica mais difícil de identificar, uma vez que não existem mais aqueles sintomas que a levaram ao médico. E existem outras causas de hiperandrogenismo que não a SOP. A pesquisa e o controle devem ser feitos por especialista (endócrino).

Na faculdade de Medicina não aprendemos a prevenir doenças. Não da forma como vejo prevenção. Os exames de rotina fazem parte de uma estratégia de identificação precoce da doença. Pode ser considerada um tipo de prevenção. Hoje fala-se de prevenção primária, secundaria, terciaria e mais recentemente até prevenção quaternária. Mas penso que a prevenção mais eficaz é a que detecta e resolve fatores de risco modificáveis através de um olhar mais diferenciado. Quando esperamos para ver nos exames de rotina alterações significativas de adoecimento (padrão ouro da Medicina Alopática) estaremos tratando o indivíduo, não mais prevenindo a doença.

Da mesma forma quando se fala em usar drogas como forma de “prevenção” não me parece uma medida saudável. Os indicadores de saúde podem ser modificados com intervenção apenas em hábitos e estilo de vida. Pelo menos deve-se tentar de forma enfática antes da medicalização. Quantos indivíduos após cirurgia bariátrica deixam de usar remédios para pressão alta e diabetes? Mudaram a alimentação (forma e quantidade), mudaram os hábitos, eliminaram a doença (hipertensão e/ou diabetes). Se tivéssemos lá no início da vida deles feito as intervenções cabíveis teria sido necessária a cirurgia? O desfecho poderia ter sido outro? Qual o custo disso no futuro para esses indivíduos?

Desde a década de 80 várias declarações de apoio ao direito de saúde para todos (Alma-Atta, Ottawa e outras) vêm sendo patrocinadas pela OMS (Organização Mundial de Saúde). A partir daí a “onda” de buscar saúde e não apenas tratar a doença vem sendo disseminada no mundo todo. Mas ainda estamos engatinhando! A Medicina Biomolecular nos oferece uma visão possível de verificação do terreno biológico do indivíduo para poder atuar preventivamente caso a caso. Mas não apenas substituindo uma droga industrializada por outra manipulada (prática comum, infelizmente). E sim intervindo de forma eficaz na mudança possível em relação a fatores de risco modificáveis. As estatísticas futuras validarão as hipóteses construídas a partir de modelos identificados por esta forma de pensar? Espero que sim. Algumas intervenções identificadas pelo modelo biomolecular hoje vêm sendo feitas por alopatas, dando respaldo a elas.

Mas o sistema de crença do indivíduo a quem se destina a orientação deve ser o mesmo do médico que cuida dele ou pelo menos sua visão de saúde e doença não deve ser diametralmente oposta. Nesse caso toda discussão (seja sobre religião ou futebol, etc. etc.) está fadada ao fracasso.

Ou nos direcionamos pontualmente para o tratamento da doença quando e se ela existir. Ou nos antecipamos a ela, mesmo sabendo que em algum momento teremos que redirecionar as intervenções em saúde, a cada novo conhecimento agregado. De qualquer forma não estaremos reféns da nossa genética. Essa é a minha forma de ver o binômio saúde-doença.

Cabe a cada um identificar a sua crença a respeito de saúde e que direção tomar. Se ela for tomada com consciência, baseada no que se acredita, qualquer que seja a decisão sempre será acertada e não existirão arrependimentos. É nossa decisão, faz parte de cada um de nós e de nossos valores. Ela não é apenas baseada na crença de um médico ou um amigo que podem até pensar estar ajudando mas estão oferecendo a crença deles a um indivíduo diferente deles.

A ciência existe, mas pode ser interpretada de formas distintas, todas elas fundamentadas em alguns protocolos e em “cases”. Os artigos científicos têm interpretações diferentes de acordo com os vieses possíveis. Não existe uma única verdade em Medicina (por isso existem formas diferentes de tratamento e todas se mostram de alguma forma eficazes em determinadas pessoas em determinados momentos).

Se ajudar leiam em algum momento de suas vidas (não precisa ser agora) o livro “YOUR MEDICAL MIND – how to decide what is right for you” um best seller (New York) de autoria dos médicos Jerome Groopman e Pamela Hartzband. É muito interessante e mostra como médicos e decisões médicas diferentes podem ser a melhor opção de uns e a pior de outros. Mostra, com vários exemplos reais, que só se arrependem de decisões tomadas, aqueles em que as decisões tenham sido tomadas desconsiderando seu sistema de crenças (individual). O que temos gravado em nosso subconsciente/inconsciente a respeito desse ou daquele evento médico em que tios, parentes ou amigos que tiveram a mesma doença e estiveram na mesma encruzilhada “se deram bem ou mal” com essa ou outra determinada intervenção. É isso que eles chamam de sistema de crença individual.

 

Mesmo que determinada intervenção leve a um desfecho que uns poderiam definir como pior, quando a escolha é feita baseada nas evidencias daquele momento e levando em conta o indivíduo e no que ele acredita, não se vê arrependimento. O sofrimento é menor em relação à decisão tomada! E seguem em frente com suas vidas de forma positiva.

A informação é importante, necessária e está disponível. O médico assistente é o primeiro a veicular essa informação e outras opiniões médicas são benvindas na medida em que o indivíduo ainda tem dúvidas. Não existe apenas uma verdade. As soluções possíveis devem ser analisadas.

Mas a decisão é individual.

 

MEDICINAS: qual a diferença?

Medicina da Saúde  &  Medicina da Doença

Hoje, nós médicos, estamos aprendendo a entender e identificar o momento em que começamos a perder saúde. Conhecemos também a individualidade bioquímica e funcional para modificar rotas, corrigir estilos de vida e evitar o adoecimento.

images

A evolução da criança é acompanhada de perto pelo médico que faz puericultura. Os erros e acertos desta fase são monitorizados pelo profissional de saúde e a condução da evolução física é (ou deveria ser) plena e assertiva!

Por que, depois dessa fase não existe mais orientação para o desenvolvimento e manutenção do equilíbrio orgânico na melhor da sua potencialidade? Ajustes de rota , reorientação e adoção de rotinas para o retorno às funcionalidades orgânicas plenas…já não são mais buscadas pelo individuo nem são ativamente indicadas pelo profissional de saúde!

 

A Medicina da Doença é o que aprendemos nas escolas médicas e praticamos no dia a dia. Nós, indivíduos, passamos anos buscando remédio para novos sintomas que surgem. E médicos vivem de identificar esses sinais e sintomas, montar os quebra-cabeças de cada individuo, catalogando cada um nessa ou naquela doença conhecida (quando as peças se encaixam). Depois dessa etapa, a medicalização da doença identificada!

Alguns indivíduos reclamam que não se sentem bem, estão “diferentes”, já não são como antes…mas vão aos consultórios e clinicas e, apos  vários exames (inclusive de sangue e de imagem), os médicos dizem que eles estão bem. Não estão doentes. Qual o motivo das queixas então,perguntam… se sentindo incompreendidos em seu mal estar. É que ainda estão adoecendo, mas seus organismos se mantem hígidos pelos mecanismos de compensação…e não apresentam (pelo saber medico ortodoxo) sinais da doença em curso.

equilibrio organico     compendio de medicina

É bom lembrar que, em relação à saúde, somente quando TODAS as peças se encaixam (sinais e sintomas), identificando um determinado perfil (já estudado) é que podemos dar nome à doença e definir o tratamento (terapêutica).

O tempo entre as mudanças de rota (bioquímicas e funcionais) que acontecem dentro do organismo e a doença identificável (que tem um nome e um tratamento especifico) costuma ser muito grande: de 7 a 10 anos!

Nesse intervalo, o organismo tenta “apagar incêndio” e muda rotas , alterando as funções orgânicas aqui e ali, numa tentativa hercúlea de reequilibrar o todo (homeostasia).

homeostasia aula

homeostase

Ação essa que funciona por um tempo até que mecanismos homeostasicos tornam a “nova fisiologia”…ou nova forma de funcionar tão diferente da original que não é mais possível permanecer sadio. A doença se instala e  o corpo pede socorro. Aí entra a MEDICINA DA DOENÇA. O médico pode ajudar …muito…na emergência e na doença instalada! Ele (medico) salva e prolonga vidas, com certeza! Tem sido esse o papel da medicina ortodoxa. A longevidade é uma realidade incontestável…mas a qualidade de vida não acompanhou os anos de vida que ganhamos hoje!Mas…devagar e sempre estamos aprendendo a nos antecipar à doença. A entender e traduzir a mensagem subliminar que formatam as mudanças de rota ao longo do tempo e nos levam ao adoecimento, caso não façamos uma intervenção positiva e gradual!

A meta em saúde é não deixar que todas as peças do quebra-cabeça de cada indivíduo se encaixem! É reconhecer os fatores de risco e mantê-los adormecidos ou mesmo nos contrapormos a eles e eliminá-los de vez! Quebra-cabeças incompleto significa ausência de doença…ainda! Podemos reverter o processo se introduzimos mudanças de hábitos ao nosso dia a dia!

quebra cabeças em medicina

A degeneração orgânica acontece com o envelhecimento claro, mas se somos capazes de perceber as vias comuns catalizadoras da doença seremos capazes de envelhecer com mais qualidade de vida! Mantendo a mobilidade e a autossuficiência e permitindo o funciona- mento de todos os sistemas harmonicamente, mesmo que já não mais em plena função. Em outras palavras, otimizamos essas funções para que elas possam continuar somando esforços e mantendo a higidez do todo.

Saúde é equilíbrio!

idoso saudavel

Vamos ressignificar o envelhecimento! Podemos ser idosos com saúde. Apenas funcionando em potencialidade diferente de quando éramos jovens…, mas em equilíbrio! Palavra chave no processo de ausência de doença e envelhecimento.

Vale lembrar que a definição de saúde não é mera ausência de doença!

O que nos fez pensar que poderíamos seguir em frente sem procurar entender o que cada um em sua individualidade precisa para se manter bem…pelo tempo que levar nossas existências nesse planeta? O que nos liberou da necessidade de cuidar de nós e do nosso meio ambiente (interno e externo) para termos uma vida melhor?

Não viemos ao mundo com um “manual do proprietário”…então deveríamos ter aprendido a nos reequilibrar a cada dia…para ter uma vida saudável e feliz! Cada dia é uma oportunidade de fazer diferente o mesmo caminho. É assim na vida diária…por que seria diferente em relação à saúde?

ROTINA

Crescemos bem, chegamos até a idade adulta, vivemos bem até agora então…é só continuarmos a viver…da mesma forma. É assim que pensamos! Mas na realidade as estatísticas nos mostram uma outra realidade. É por esse viés que entendemos que não mudar o curso, em algum momento, antes do adoecimento, nos levará com certeza às doenças degenerativas crônicas não infecciosas que têm tirado a dignidade do nosso envelhecimento e morte!

A MEDICINA DA SAÚDE prioriza e ensina o retorno à homeostasia e as mu danças de rota necessárias para o equilíbrio orgânico, que é a chospitalhave da saú de e da longevidade.

 

A Medicina cuida de gente…, mas em seus dois momentos possíveis: saúde e doença. E não é por demérito que nomeamos a arte de cuidar da doença instalada, da doença que está matando hoje e amanhã de MEDICINA DA DOENÇA. Ela é imprescindível, sim.

 

Mas vamos entender e priorizar o conhecimento acumulado ao longo dos anos em relação à manutenção da homeostasia, através da promoção de saúde e da prevenção primária.

doutor obrigado

Vamos dar vez à MEDICINA DA SAÚDE para que possamos mudar os indicadores de saúde reduzindo as estatísticas de adoecimento, em todas as suas formas e devolvendo a nós, humanos, a qualidade de vida que podemos ter, do nascimento à morte.

 

NASCER, ENVELHECER E MORRER COM DIGNIDADE!

VAMOS NOS ANTECIPAR À DOENÇA!

VAMOS EFETIVAMENTE CUIDAR DA SAÚDE!

Medicina…sob um novo viés, urgente!

A Medicina precisa de novos rumos urgentemente!

Substituir a visão reducionista que pauta a sua organização (desde as sub e super especialidades que não vêem o individuo como um todo até o emprego de drogas cada vez mais pontuais – especificas para cada sintoma, sinal ou doença, esquecendo que nada nem ninguem está isolado no mundo). Somos agregados de células que interagem numa engrenagem complexa, maravilhosa e única.

E temos nos esquecido disso ao tratar o organismo por partes, catalogando doenças como se fossem independentes do todo e esquecendo que o tratamento direcionado unicamente às partes podem comprometer esse todo!

Além disso a epigenética tem mostrado que o determinismo genético foi e ainda é supervalorizado. Podemos mudar a expressão genética de acordo com o meio ambiente (externo e interno). Onde e como vivemos faz toda a diferença em relação ao adoecer ou permanecer saudável (Ler mais a respeito no livro ” A biologia da crença” do Prof. Dr. Bruce Lipton)

Olhar a Medicina sob um novo viés é mais que necessário …é imprescindivel e tarefa inadiável.

 

Abaixo listo cinco livros importantes e necessários para uma revisão de conceitos (para médicos e leigos) na área da Saúde. Após os títulos, descrições resumidas, apresentações transcritas dos próprios livros, que seguem entre aspas.

 

Medicina Ecológica– descubra como cuidar da sua saúde sem sacrificar o planeta” Dr. Alex Botsaris

“Entre as patologias, que podem ter o ambiente como um fator desencadeante, estão: câncer, ansiedade, depressão, infertilidade, dores na coluna, problemas neurovegetativos e no fígado. A medicina ecológica preconiza que, ao invés de agredir a natureza e o organismo, deve-se lançar mão de técnicas alternativas e de conhecimentos milenares para o cuidado da saúde”.

“Ele nos leva além do entendimento da medicina e da ecologia, e de como o ambiente e a saúde estão interligados. É uma aula de bom senso num mundo que se deixa levar por novidades revolucionárias que duram três dias e por medicamentos que são baseados em moléculas cada vez mais sofisticadas e perigosas (…). E, acima de tudo, mostra que a modernidade que buscamos não está na transformação, mas na conservação da natureza “, Sônia Bridi, jornalista”.

 

A revolução da Medicina” Dr. Paulo Maciel

“Um livro polêmico que questiona a Resolução nº 1.499 do Conselho Federal de Medicina, que resolveu “proibir aos médicos a utilização de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica”, por considerá-las “à margem do conhecimento científico aceito pela comunidade acadêmica”, além de colocarem em risco “à saúde das pessoas submetidas a procedimentos destituídos de embasamento científico”.

“…E é neste momento de grave crise social de valores que a Medicina Alopática necessita ser repensada, onde a indústria farmacêutica lucra 300 bilhões de dólares por ano em todo o mundo, e mata anualmente, pelos seus efeitos colaterais…

 

“Ecologia Celular” Dr. Carlos Braghini -O papel da alimentação e do meio ambiente no envelhecimento e na longevidade.

“No final do século XIX, estudiosos da embriologia sugeriram a possibilidade de que as próprias células dos tecidos se comportavam como organismos lutando por sobrevivência em um microambiente.
A idéia de Ecologia Celular propõe que o desenvolvimento celular é influenciado pelo meio (ecológica) em oposição aos defensores do desenvolvimento construtivista (determinado pelos genes).”

 

 

Medicina Integrativa– a cura pelo equilibrio” Dr. Paulo de Tarso Lima

“Medicina Integrativa – abordagem que se pauta pela união dos avanços científicos com as terapias e práticas complementares cujas evidencias cientificas comprovem sua segurança e eficácia. Partindo da historia de vida do paciente, de seus hábitos e da análise meticulosa de sua saúde, o médico que adota a abordagem integrativa propõe o plano mais adequado – sempre tomando por base uma visão ampla de saúde e cura”.

 

O Elo perdido da Medicina – o afastamento da noção de Vida e Natureza” do Dr. Eduardo Almeida e Luis Peazê.

“O livro poderia ser resumido no primeiro mandamento de Hipocrates…”primeiro não lesar”. Só isso, contudo, ainda que espetacularmente necessário não tem sido suficiente. A terapêutica, a cura e o próprio relacionamento médico-paciente-arcabouço do sistema de saúde (publica e privada) estãotão longe do ideal quanto mais longe estiverem desse princípio básico”.

“Para o leigo, porque sofre da tendencia de entregar ao médico toda a responsabilidade (e poder) pela cura de sua enfermidade ou mal-estar. Para o médico, porque tende a ceder à medicina oficializada pelo sistema, pelo estado, pelas engrenagens mais duras da sociedade globalizada e da indústria do “farma poder” dependentes do capital”

 

“Manual de sobrevivência do Ser Humano” Dr. Sergio Augusto Teixeira

“…aceitar o desafio de mudar o que está errado. Esta é a proposta do Dr. Sergio Teixeira,que apresenta neste livro o panorama mais amplo da Medicina Ambiental já produzido em nosso país,ensinando-nos a conhecer as doenças e suas causas e ajudando cada um de nós a se situar em harmonia com a natureza mesmo habitando as cidades grandes”

“…nos leva a conhecer as doenças com que nos defrontamos todos os dias para sabermos o que são, como evitá-las e como lidar com elas sem medo”.

Informação como ferramenta essencial na prática médica!

 

“Information is the life-blood of the health care” A informação é a espinha dorsal (parte fundamental) do cuidado em saúde.

Li essa frase hoje no tweeter, postada por Hoyt Finnamore  e atribuida a Joshua Seidman,PhD  no evento “Mayo alumni meeting” (Clinica Mayo setembro 2011) .

É senso comum que a informação é ferramenta imprescindível para a educação em saúde. E hoje, mais do que nunca ela se faz necessária. Estamos numa cruzada médica contra a prevalência crescente das doenças crônicas degenerativas, a favor da qualidade de vida.

E comentários que pipocam aqui e ali sobre novas descobertas na área da saúde são absorvidos com avidez pela comunidade leiga. Quase todos os canais de TV (aberta e a cabo) têm um ou mais programas voltados para o esclarecimento das questões de saúde.

Nunca é demais lembrar que o consenso em Medicina e Saúde está longe de existir. Cada dia um novo dado alimenta o conhecimento e faz reavaliar normas e orientações. Penso que quando a informação sobre saúde é veiculada, o leigo deve ter acesso a opiniões diferentes sobre o mesmo assunto, no mesmo canal de informação (revista ou blog ou site) e de preferência a menção deve ser feita no mesmo artigo comentado. Essa informação é necessária para que ele entenda o processo que leva o médico a decidir, caso a caso, a melhor opção a cada momento.

E entenda que há necessidade de revisar os protocolos, periodicamente, para melhor cuidarmos da sua saúde.

Li um comentário a respeito de como a reposição do estrogênio em mulheres na menopausa beneficia a circulação sanguínea cerebral. O tratamento diminuiria a resistência das artérias e permitiria maior fluxo de sangue, que poderia estar associado a uma melhora da memória, segundo os autores. A matéria foi correta quando mencionou que ainda existe falta de consenso a respeito do beneficio da reposição hormonal em mulheres (climatério e/ou menopausa). No entanto apontou o achado a respeito das artérias cerebrais como um fator positivo provável.

Mas a vasodilatação cerebral percebida não autoriza inferir que a médio e longo prazos ela se apresentará como um ganho real no conjunto orgânico que significa o individuo e suas potencialidades de adoecimento.

O leigo fica confuso com informações dispares (opostas) sem a menção e comparação entre elas (em relação a riscos e benefícios a curto, médio e longo prazos). Ele precisa aprender as opções reais em cada caso e o que esperar delas. A escolha mais acertada, a cada momento depende da interação do leigo com o seu médico. E o que a comunidade médica pensa e discute pode e deve ser discutida fora do meio acadêmico sim, mas com todos os seus vieses. Apenas uma versão destacada (e isolada do conjunto) informa sim, mas não atinge o propósito maior de tornar públicos prós e contras de cada intervenção médica para que possamos ser mais assertivos nessa intervenção tentando estabelecer caso a caso a melhor estratégia terapêutica.

Aqui faço um “mea culpa”. Tenho comentado oftalmologia num blog destinado a leigos. Mas não tenho feito, em toda oportunidade apresentada, a contraposição que sugeri aqui. Muitas vezes apresento apenas a minha forma de ver a questão. Sempre me pareceu que, como disponibilizo links para outros sites que complementam ou mesmo apresentam uma visão diferenciada da minha a respeito do mesmo tema, conseguia (ou esperava) cumprir com o propósito de bem informar. Mas percebi que a apresentação, mesmo resumida, das divergências de opinião a respeito do cuidado medico é mais útil e eficaz em seu propósito de estimular o leigo a entender e ajudar o seu médico a cuidar melhor da sua saúde.

A discussão pública da saúde e de como é produzido (e conduzido) o conhecimento médico sobre ela pode fazer diferença significativa na administração desse saber e na condução das práticas que visam modificar para melhor os índices de saúde e qualidade de vida da população.

Doença: prevenção e tratamento

O medicamento e a estratégia não medicamentosa na condução do tratamento e da prevenção da doença

 

             O medicamento é a arma do médico contra a doença instalada. Ainda assim, seu uso deve ser muito bem avaliado, caso a caso, sob pena de comprometer sob vários aspectos, e de forma permanente, a capacidade de readaptação funcional daquele organismo em que atua. A droga auxilia a iniciativa orgânica de restauração da homeostasia, mas muitas vezes interrompe ou mesmo anula a capacidade de auto-suficiência necessária à manutenção da vida (reações químicas e físicas que se processam ininterruptamente minuto após minuto, dia após dia, ano após ano).

Estes ditos “efeitos colaterais”, se contínuos, podem inibir a autonomia orgânica e além de serem desagradáveis (significarem sinais e sintomas), contribuem para a perda definitiva do controle interno (do corpo sobre ele mesmo). A partir daí necessitamos indefinidamente (por toda a vida) da droga. E como estes efeitos geram outras modificações a longo prazo, cada vez mais precisaremos de mais drogas (diferentes) para controlar cada um destes novos efeitos colaterais. Daí a dependência química (medicamentosa) cada vez maior de que somos testemunhas hoje em dia.

“É um mal necessário!” dirão muitos. Não necessariamente dirão outros tantos. Eu me incluo neste último grupo. Se a cultura da prevenção fosse uma realidade, se pensássemos mais nas soluções mais simples, desde como evitar a doença em vez de pensar apenas ou tão mais a respeito do“tratamento”da doença já instalada, mudaríamos a realidade de hoje.

Os check-ups são necessários, mas não são “preventivos”. Eles são importantes, nos informam mais precocemente sobre as doenças e os estados de desequilíbrio sobre os quais devemos agir para eliminar (ou lentificar) o processo patológico e mudar o desfecho esperado.

Porém, existe um hiato muito grande entre a saúde e a doença. Deste espaço a medicina não se ocupou como deveria. Os exames laboratoriais, por exemplo, são capazes de detectar o que está muito diferente da “normalidade”, do padrão. No entanto, cada vez mais os médicos têm tido que aprender a perceber e lidar com estados sub- clínicos das doenças. Em outras palavras,situações em que o individuo tem sintomas vagos, sabe que algo está errado com ele, que algo mudou e precisa ser “consertado” e o médico não encontra nenhuma anormalidade bioquímica, de imagem ou qualquer outra ligada à propedêutica conhecida (formas de analisar cada doente para se chegar a um diagnóstico).

A evolução do quadro, depois, confirma muitas vezes suspeitas que não puderam ser comprovadas antes, dificultando tomadas de decisão que poderiam ter modificado o desfecho.

Como a saúde exige uma percepção dinâmica e a doença pode ser pontual, nos acostumamos a perceber e definir a doença pelos sintomas que nos afligem. Mas a doença não acontece “do nada”,”sem aviso prévio” ou “da noite para o dia”, mesmo nos processos infecciosos!

Somos expostos aos mesmos vírus (por exemplo), no ambiente de trabalho, no transporte público, nas áreas de lazer. Nas epidemias freqüentamos e dividimos os mesmos espaços geográficos, mas o percentual da população que fica doente é sempre muito menor do que aquele que foi exposto.

Sabemos a resposta: a imunidade de cada um de nós. Esta arma é individual, específica e intransferível (exceto no período de lactação, quando a mãe protege o bebê com seus anticorpos). Sabemos também como ajudar cada organismo a aumentar suas defesas, ou por outro lado, o que leva cada um de nós a perder a capacidade de nos defendermos desses “ataques” diários. Por que não utilizamos este conhecimento em  maior escala para tornar desnecessária a intervenção medicamentosa que a longo prazo modificará o organismo (e não para melhor, com certeza)? A autonomia funcional do organismo deve ser buscada sempre, e em primeiro lugar!

Qualquer dependência física ou química deve ser rejeitada em benefício de melhores resultados em relação à manutenção do estado de saúde.

           

A intenção não é polemizar, apenas informar.

O conhecimento médico a respeito de saúde

As “várias medicinas” podem se ajudar com estratégias complementares, não excludentes.

O conhecimento sobre saúde é muito mais amplo do que se admite e tem sido sub-utilizado pela Medicina Convencional.

Não sou contra o desenvolvimento científico. Obviamente, reconheço os benefícios da tecnologia e dos avanços em diagnóstico e tratamento dos dias atuais. Apenas penso que estamos voltados tão somente para um ângulo da questão. Se a ênfase fosse preventiva, se investíssemos mais na saúde e não na doença, a longevidade com certeza estaria acompanhada de mais qualidade de vida. Mas hoje o cenário ainda é outro.

Por que não implementar mais estratégias de promoção de saúde e de prevenção de doenças? Por que não conduzir mais pesquisas cruzando os dados epidemiológicos e estatísticos com os antropométricos e outras características familiares e individuais, hábitos alimentares e estilos de vida? Sem dúvida agregaria mais valor, mas penso que muito já se disse (e se diz) a respeito.

Um grande divisor de águas nesse sentido foi o trabalho do Dr. Dean Ornish cardiologista americano do Preventive Medicine Institute e da University of California, autor de vários livros que relacionam a mudança de estilo de vida à alteração da expressão genética, contrariando o que sempre se disse: “os genes são os principais determinantes da saúde e não são modificáveis”.  Ele ensina que “… intervenções simples, baratas e de baixa tecnologia…” mudam o seu estilo de vida e isso pode mudar seus genes, sim! Podemos nos antecipar à doença, evitá-la, modificar seu curso ou reverter prognósticos negativos. Já temos este conhecimento.

Falta bom senso, iniciativa popular e vontade política. É verdade que falta investimento maior em educação para a saúde, estimulando o interesse da população. Mas falta também interesse do médico e de outros profissionais da área de saúde. Eles deveriam ser os vetores da disseminação desta “nova” forma de entender a saúde e combater a doença.

Nós médicos ainda não percebemos que o caminho que temos percorrido é equivocado. Que a intervalos curtos, cada vez mais curtos, tudo fica obsoleto, mudamos conceitos, drogas e estratégias rápido demais para percebermos, mais tarde, que não  houve ganho importante. A abordagem continua errada.

Não devemos apenas continuar buscando drogas milagrosas para resolver as doenças, investindo para isso todo tempo e dinheiro. Deveríamos ser capazes de nos antecipar aos eventos, identificando possíveis causas e estratégias para fazer frente a eles. Ou pelo menos, como se faz em economia, dividir para multiplicar, ou seja, invéstir nessas várias frentes para resultados mais eficientes a longo prazo.

Cada caso é sempre um caso diferente. A experiência adquirida no exercício da profissão, num aprendizado contínuo, se traduz em assertividade cada vez maior em relação aos diagnósticos feitos. E a capacidade de discernimento de cada médico deve ajudá-lo a decidir em função dos sinais e sintomas e principalmente do organismo que está doente, levando em consideração as suscetibilidades individuais e, porque não, as crenças de cada um a respeito de saúde.

Hipócrates (e outros médicos antes dele) defendiam uma medicina voltada para a saúde, no sentido de ajudar o organismo na sua constante busca da homeostasia ou equilíbrio interno. Equilíbrio este que seria conseguido à custa de reajustes nos processos bioquímicos mantenedores do funcionamento ideal dos órgãos e sistemas do corpo humano. Nosso organismo está capacitado a retomar a normalidade funcional através desses ajustes diuturnamente levados a termo. Cabe à terapêutica médica auxiliar esse processo quando o corpo esgota as suas próprias possibilidades.

Lembro ainda que quando falo em agir conforme a medicina complementar não significa substituir a terapêutica convencional onde e quando ela não pode nem deve ser substituída. 

Quando você está gripado, toma apenas vitamina C, um descongestionante e vai pra cama? Ou toma também um chá quente (de preferência de equinácea ou similar, quando não existe contra-indicação para este fitoterápico), opta por não se alimentar com muito carboidrato simples (açúcar e doces que, além de você, os vírus também adoram!) e prefere sopas de legumes ou a canja da mamãe (hum… delicia!) além de fazer gargarejos com água morna, sal e limão ou romã?…

São estratégias complementares e não excludentes que podem acelerar o processo de cura, devolvendo mais rapidamente o bem estar ao doente. Então porque não usar?

E já que falei da equinácea (fitoterápico que estimula a imunidade), aproveito para lembrar que ela deve ser evitada em indivíduos portadores de doença auto-imune. Nestas pessoas, o fitoterápico pode induzir uma piora rápida da doença. E pensando bem, se a equinacea é capaz de acelerar a doença causada por excesso de imunidade (característica da doença auto-imune) como podemos negar suas propriedades imunoestimulantes? Porque ela ainda é desconhecida da maioria de nós, médicos ortodoxos?

Pensemos a respeito!

Saúde: o que mudou em 20 anos?

Cuidados primários de saúde e o PSF (programa de saúde da familia):

No Brasil, a  imperativa necessidade de mudança na forma de ver a saúde e administrar a doença é reconhecida e discutida em todas as esferas há pelo menos 20 anos.

Algumas iniciativas já foram tomadas.

O Programa de Saúde do Adulto foi criado com o objetivo de “… formular e implementar políticas de saúde direcionadas à assistência integral à saúde do adulto, segundo diretrizes do Ministério da Saúde para a área, contribuindo para aumento na expectativa e qualidade de vida da população no Distrito Federal”.

Este programa pretende “prestar assistência à saúde do adulto focando nos programas de diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica, dentro de um conceito de integralidade, mudando o foco de atenção na doença para atenção global de saúde, permitindo identificar os principais problemas que a afetam. Conheça o programa na íntegra em:  http://www.saude.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=6838

Ações como esta estão sendo implementadas, sim.

Mas em ritmo, dimensão e formato que não terão o impacto necessário para efetivamente conseguir mudar o cenário da saúde a médio prazo. E sendo assim, incapazes de desacelerar algumas das epidemias deste século, em termos de doenças degenerativas.

Em 1978 a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a UNICEF promoveram a Conferencia sobre cuidados Primários de Saúde que ficou conhecida como Conferencia de Alma-Ata, local em que foi realizada. Aprovada uma proposta de atenção primária em saúde, com enfoque prioritário em promoção e prevenção da saúde. A meta era atender a todos os membros ou segmentos da sociedade até o ano de 2000. Na ocasião, a OMS reafirmou que “a saúde não é apenas a ausência de doença e sim um completo bem-estar físico, mental e social”.

No Brasil, em 1988, a Nova Constituição Brasileira declarou que “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. Nesta ocasião foi garantido a todo cidadão, por lei, o acesso às ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde.

Em 1994 o Programa Saúde da Familia (PSF) foi criado com o objetivo de implementar o processo de mudança do paradigma que orientava o modelo de atenção à saúde da época. Alicerçado pelo comprometimento com um novo modelo que valorizava ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas. Esperava-se que ele superasse o anterior, que se baseava na supervalorização das práticas da assistência curativa, especializada e hospitalar e que induzia ao excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos. Era um “novo modo de fazer saúde”.

Segundo o próprio Ministério da Saúde, eram tarefas do médico do PSF: realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias, em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade.

Em 2005 numa avaliação publicada na Revista Latino-americana de Enfermagem, Rosa WAG e Labate RC  sugeriam que onze anos depois de implantado,o PSF “…não é muito diferente do modelo atual que infere que consultas e exames são equivalentes a soluções para os problemas de saúde”. Rosa WAG, Labate RC. “Programa Saúde da Família: a construção de um novo modelo de assistência”.Rev Latino-am Enfermagem 2005 novembro-dezembro 13(6):1027-34

Leia na integra, no link:   http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n6/v13n6a16.pdf

Avaliando a saúde segundo parâmetros aferidos no dia a dia do consultório médico na clínica privada, ainda hoje muito pouco mudou desde 1994, quase dezessete anos depois do “novo modo de (pensar e) fazer saúde”.

É chegado o momento de nos mobilizarmos. O inconsciente coletivo aponta outra direção para a saúde. A necessidade de mudança de foco no tratar da saúde hoje é cobrada pelo próprio paciente!  A Medicina ortodoxa, numa atitude pouco inteligente, para não dizer arrogante, não se permitiu complementarizar.  Não admitiu agregar valores conhecidos há muito tempo, em nome da tão falada medicina baseada em evidências. Cometeu aí um grande êrro!

Deixou passar, ao largo, a oportunidade de se agigantar, agregando todo conhecimento disponível e enriquecendo o arsenal de opções a oferecer para a retomada da saúde. Hoje existem várias medicinas, polarizadas sob as formas de Medicina ortodoxa e Medicina Alternativa ou Complementar ou Integral (prefiro essa terminologia).

A Medicina e o cuidar da saúde

A Medicina ortodoxa não priorizou a visão do todo. Ela considera tão somente um órgão, tecido ou sistema a ser reparado na doença. Mais ainda, ela não admite estratégias terapêuticas diferentes daquelas ditadas pelo cientificismo da visão ortodoxa, alopática.

Penso que não se deve eleger nenhuma forma terapeutica como verdade única. Acredito que todas sejam ferramentas úteis, a cada momento, e em cada caso. E que não existe apenas uma única forma ideal de tratar um doente. Isso porque ainda acredito na capacidade ímpar de restabelecimento do organismo. E para mim, tratar deve ter o significado de ajudá-lo a voltar à situação de homeostasia, com o mínimo desgaste possível. Lembra da bateria que vai perdendo energia, como eu disse em outro post, e em determinado momento não consegue mais retomar a tarefa de manter o equilíbrio? Mínimo desgaste possível significa procurar manter inalteradas as rotas bioquímicas pré-estabelecidas. Isto só é possível se as drogas sintéticas forem utilizadas cada vez menos e por menos tempo.

E todas as formas de cuidar serão úteis, pontualmente, no tratamento de cada indivíduo, e específicas para ele, uma a cada momento. Mas nenhuma delas deverá ser usada cronicamente na manutenção do estado de saúde. Esta tarefa deverá ser devolvida ao próprio organismo. No longo prazo, todas elas, drogas alopáticas, fitoterápicas e/ou suplementação biomolecular são indesejáveis, a não ser na situação de manutenção da vida, quando o organismo já perdeu a capacidade de retomar o controle e a homeostasia. Neste caso específico, sem dúvida, a alopatia é opção única.

O que questionamos é a excessiva valorização da doença em detrimento da promoção de saúde. E lembramos ser mais importante valorizar a prevenção das emergências que a medicina oficial trata, com sucesso, para ver, depois de algum tempo, o retorno do mesmo paciente a situações de risco igual ou maiores que aquelas dos quais o socorreu essa medicina organicista.

          Nós estamos vivendo a era da globalização, da visão do macro, do olhar à distância. A Medicina parece andar na contramão da sua época quando se torna, cada vez mais reducionista, localizada. Especialidades, sub-especialidades, avaliações míopes, cada vez mais olhando apenas o órgão doente, tratando aquela célula diferente. Mas nada no organismo funciona isoladamente!   Ele é uma máquina  de múltiplas funcionalidades, mas todas fazendo parte de um ambiente controlado com perfeição pelo conjunto de órgãos que se auxiliam na busca da manutenção do equilíbrio orgânico.

          Pare e pense!  Desde que nascemos essa máquina passa por mudanças, trilhões de vezes a cada dia, programada que foi para nos auxiliar a manter a vida pelo tempo que puder ser usado o seu sistema de compensação. E cada vez mais o organismo está ocupado em nos proteger de todas as múltiplas formas de agressão que nos atingem.O caos ambiental não difere do caos interno vivido hoje, por muitos de nós .Fomos os responsáveis pela destruição ambiental, assim como somos responsáveis pela falta de saúde (cada vez maior)!

Ainda podemos mudar este cenário!

A qualidade de vida tem acompanhado a longevidade?

Vida: longevidade com qualidade.

Tem sido assim?

Cada um de nós nasce com uma bagagem genética individual, uma máquina (organismo) programada para fazer as alteraçõe necessárias para a retomada do equilibrio interno, a cada adversidade que surja (de acordo com as possibilidades de cada um) e uma “bateria” com vida útil média pré-estabelecida mas que a cada mudança de rota (reprogramação orgânica) perde um pouco de energia que não será reposta “ad eternum”.

Em outras palavras:

O que nos dá vida é algo indefinível até hoje, mas que mantém o todo orgânico funcionando bem azeitado. E do que essa coisa que passo a chamar de energia se nutre? Daquilo que é a nossa essência: a felicidade, que é a ligação com a criação, com o todo, através da natureza e do amor. Estar feliz é estar em paz, conseguir ver e sentir a beleza à sua volta. Ser capaz de estender a mão a qualquer um que precise. É amar a si mesmo e aos outros. Deixar de pensar como indivíduo, apenas, e ter consciência cada vez maior, de ser parte de um todo infinito. A saúde é um reflexo deste estado. Não somos (e nunca seremos) absolutamente saudáveis (mesmo quando não tivermos doença aparente).

Mas podemos ser saudáveis o suficiente para ter uma vida plena e uma velhice digna de ser vivida.

O que os médicos fazem (e bem), é apenas estabilizar-nos por um tempo. Tempo este maior ou menor, dependendo do quanto já consumimos da nossa“energia”disponível. Vida, em outras palavras, é a energia dentro de nós que mantém funcionante a capacidade de auto-regulação do nosso organismo. Cada vez que ela (energia) diminui, nós médicos entramos em ação e mantemos o corpo funcionando, até que ele se recupere e passe a dar conta sòzinho da tarefa. Mas, não é infinita esta energia. Ela diminui com a idade. Isso já sabemos, uma vez que aos poucos existe uma falência múltipla dos nossos órgãos e morremos. Alguns com mais de cem anos, outros antes dos sessenta.

O que nós, médicos, aprendemos foi como manter o organismo vivo por mais tempo, mesmo que a energia que reste a ele, sòzinha, não seja mais capaz de mantê-lo.

Do outro lado da questão, está a percepção cada vez mais intensa de que essa nossa energia vem de uma espécie de pilha que pode ter recarga sim, mas não ilimitada. Cada vez que ultrapassamos os limites de uso, a energia que sobra vai sendo insuficiente para reequilibrar-nos diuturnamente. E aí o ciclo passa a ser vicioso. Os remédios e cirurgias nos reequilibram, temporàriamente, mas ao longo do tempo, além de ficarmos reféns deles, seus efeitos sobre esta energia que resta não são positivos. É como uma bateria que é recarregada sem estar completamente sem carga: fica viciada e não mais funciona com plena autonomia durante o tempo que foi programada para durar.

Não seria ótimo que aliássemos mais qualidade de vida à longevidade que nos é possível hoje pelos avanços da ciência? Ela (ciência) se agigantou em muitas áreas, mas estagnou em muitas outras. Como não fomos capazes de ver que o nosso novo estilo de vida minaria os esforços em relação à melhoria do estado de saúde, que esperávamos que viesse atrelada à longevidade conquistada?

Pesquisas mostram que vivemos mais sim, mas que esses anos a mais não representam, para a maioria de nós, conforto e bem estar.

Rudiger Dahlke em seu livro “Qual é a doença do mundo – os mitos modernos ameaçam o nosso futuro” comenta que, de 1920 a 2001,quando o livro foi editado, as ditas doenças da civilização aumentaram exponencialmente, segundo a Organização Mundial de Saúde. Em ordem decrescente, a doença de Alzheimer aumentou em oitenta e nove vezes, a esclerose múltipla cinqüenta e nove vezes, o diabetes mellitus cinqüenta e oito vezes e a obesidade, o câncer, as doenças reumáticas e as cardiovasculares au- mentaram, respectivamente, trinta e cinco, vinte, dezessete e catorze vezes,neste período de oitenta e um anos.

Em menos de cem anos tivemos uma deterioração da saúde inimaginável para quem pensava em longevidade caminhando paralela à qualidade de vida. Imaginava-se uma sendo conseqüência natural da outra e ambas fruto do desenvolvimento tecnológico e científico que vivemos neste período.

Estávamos errados. E poucos de nós, como já disse, nos demos conta ou nos importamos com essa nova realidade. Mais do que isso, poucos de nós nos preocupamos em alertar outros sobre ela. E todos os que pensam a saúde integrando corpo, mente e meio ambiente têm vivido e praticado “medicinas” diferentes da medicina oficial, ortodoxa.

É sempre tempo de reflexão!