MEDICINAS: qual a diferença?

Medicina da Saúde  &  Medicina da Doença

Hoje, nós médicos, estamos aprendendo a entender e identificar o momento em que começamos a perder saúde. Conhecemos também a individualidade bioquímica e funcional para modificar rotas, corrigir estilos de vida e evitar o adoecimento.

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A evolução da criança é acompanhada de perto pelo médico que faz puericultura. Os erros e acertos desta fase são monitorizados pelo profissional de saúde e a condução da evolução física é (ou deveria ser) plena e assertiva!

Por que, depois dessa fase não existe mais orientação para o desenvolvimento e manutenção do equilíbrio orgânico na melhor da sua potencialidade? Ajustes de rota , reorientação e adoção de rotinas para o retorno às funcionalidades orgânicas plenas…já não são mais buscadas pelo individuo nem são ativamente indicadas pelo profissional de saúde!

 

A Medicina da Doença é o que aprendemos nas escolas médicas e praticamos no dia a dia. Nós, indivíduos, passamos anos buscando remédio para novos sintomas que surgem. E médicos vivem de identificar esses sinais e sintomas, montar os quebra-cabeças de cada individuo, catalogando cada um nessa ou naquela doença conhecida (quando as peças se encaixam). Depois dessa etapa, a medicalização da doença identificada!

Alguns indivíduos reclamam que não se sentem bem, estão “diferentes”, já não são como antes…mas vão aos consultórios e clinicas e, apos  vários exames (inclusive de sangue e de imagem), os médicos dizem que eles estão bem. Não estão doentes. Qual o motivo das queixas então,perguntam… se sentindo incompreendidos em seu mal estar. É que ainda estão adoecendo, mas seus organismos se mantem hígidos pelos mecanismos de compensação…e não apresentam (pelo saber medico ortodoxo) sinais da doença em curso.

equilibrio organico     compendio de medicina

É bom lembrar que, em relação à saúde, somente quando TODAS as peças se encaixam (sinais e sintomas), identificando um determinado perfil (já estudado) é que podemos dar nome à doença e definir o tratamento (terapêutica).

O tempo entre as mudanças de rota (bioquímicas e funcionais) que acontecem dentro do organismo e a doença identificável (que tem um nome e um tratamento especifico) costuma ser muito grande: de 7 a 10 anos!

Nesse intervalo, o organismo tenta “apagar incêndio” e muda rotas , alterando as funções orgânicas aqui e ali, numa tentativa hercúlea de reequilibrar o todo (homeostasia).

homeostasia aula

homeostase

Ação essa que funciona por um tempo até que mecanismos homeostasicos tornam a “nova fisiologia”…ou nova forma de funcionar tão diferente da original que não é mais possível permanecer sadio. A doença se instala e  o corpo pede socorro. Aí entra a MEDICINA DA DOENÇA. O médico pode ajudar …muito…na emergência e na doença instalada! Ele (medico) salva e prolonga vidas, com certeza! Tem sido esse o papel da medicina ortodoxa. A longevidade é uma realidade incontestável…mas a qualidade de vida não acompanhou os anos de vida que ganhamos hoje!Mas…devagar e sempre estamos aprendendo a nos antecipar à doença. A entender e traduzir a mensagem subliminar que formatam as mudanças de rota ao longo do tempo e nos levam ao adoecimento, caso não façamos uma intervenção positiva e gradual!

A meta em saúde é não deixar que todas as peças do quebra-cabeça de cada indivíduo se encaixem! É reconhecer os fatores de risco e mantê-los adormecidos ou mesmo nos contrapormos a eles e eliminá-los de vez! Quebra-cabeças incompleto significa ausência de doença…ainda! Podemos reverter o processo se introduzimos mudanças de hábitos ao nosso dia a dia!

quebra cabeças em medicina

A degeneração orgânica acontece com o envelhecimento claro, mas se somos capazes de perceber as vias comuns catalizadoras da doença seremos capazes de envelhecer com mais qualidade de vida! Mantendo a mobilidade e a autossuficiência e permitindo o funciona- mento de todos os sistemas harmonicamente, mesmo que já não mais em plena função. Em outras palavras, otimizamos essas funções para que elas possam continuar somando esforços e mantendo a higidez do todo.

Saúde é equilíbrio!

idoso saudavel

Vamos ressignificar o envelhecimento! Podemos ser idosos com saúde. Apenas funcionando em potencialidade diferente de quando éramos jovens…, mas em equilíbrio! Palavra chave no processo de ausência de doença e envelhecimento.

Vale lembrar que a definição de saúde não é mera ausência de doença!

O que nos fez pensar que poderíamos seguir em frente sem procurar entender o que cada um em sua individualidade precisa para se manter bem…pelo tempo que levar nossas existências nesse planeta? O que nos liberou da necessidade de cuidar de nós e do nosso meio ambiente (interno e externo) para termos uma vida melhor?

Não viemos ao mundo com um “manual do proprietário”…então deveríamos ter aprendido a nos reequilibrar a cada dia…para ter uma vida saudável e feliz! Cada dia é uma oportunidade de fazer diferente o mesmo caminho. É assim na vida diária…por que seria diferente em relação à saúde?

ROTINA

Crescemos bem, chegamos até a idade adulta, vivemos bem até agora então…é só continuarmos a viver…da mesma forma. É assim que pensamos! Mas na realidade as estatísticas nos mostram uma outra realidade. É por esse viés que entendemos que não mudar o curso, em algum momento, antes do adoecimento, nos levará com certeza às doenças degenerativas crônicas não infecciosas que têm tirado a dignidade do nosso envelhecimento e morte!

A MEDICINA DA SAÚDE prioriza e ensina o retorno à homeostasia e as mu danças de rota necessárias para o equilíbrio orgânico, que é a chospitalhave da saú de e da longevidade.

 

A Medicina cuida de gente…, mas em seus dois momentos possíveis: saúde e doença. E não é por demérito que nomeamos a arte de cuidar da doença instalada, da doença que está matando hoje e amanhã de MEDICINA DA DOENÇA. Ela é imprescindível, sim.

 

Mas vamos entender e priorizar o conhecimento acumulado ao longo dos anos em relação à manutenção da homeostasia, através da promoção de saúde e da prevenção primária.

doutor obrigado

Vamos dar vez à MEDICINA DA SAÚDE para que possamos mudar os indicadores de saúde reduzindo as estatísticas de adoecimento, em todas as suas formas e devolvendo a nós, humanos, a qualidade de vida que podemos ter, do nascimento à morte.

 

NASCER, ENVELHECER E MORRER COM DIGNIDADE!

VAMOS NOS ANTECIPAR À DOENÇA!

VAMOS EFETIVAMENTE CUIDAR DA SAÚDE!

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Saúde: o que mudou em 20 anos?

Cuidados primários de saúde e o PSF (programa de saúde da familia):

No Brasil, a  imperativa necessidade de mudança na forma de ver a saúde e administrar a doença é reconhecida e discutida em todas as esferas há pelo menos 20 anos.

Algumas iniciativas já foram tomadas.

O Programa de Saúde do Adulto foi criado com o objetivo de “… formular e implementar políticas de saúde direcionadas à assistência integral à saúde do adulto, segundo diretrizes do Ministério da Saúde para a área, contribuindo para aumento na expectativa e qualidade de vida da população no Distrito Federal”.

Este programa pretende “prestar assistência à saúde do adulto focando nos programas de diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica, dentro de um conceito de integralidade, mudando o foco de atenção na doença para atenção global de saúde, permitindo identificar os principais problemas que a afetam. Conheça o programa na íntegra em:  http://www.saude.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=6838

Ações como esta estão sendo implementadas, sim.

Mas em ritmo, dimensão e formato que não terão o impacto necessário para efetivamente conseguir mudar o cenário da saúde a médio prazo. E sendo assim, incapazes de desacelerar algumas das epidemias deste século, em termos de doenças degenerativas.

Em 1978 a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a UNICEF promoveram a Conferencia sobre cuidados Primários de Saúde que ficou conhecida como Conferencia de Alma-Ata, local em que foi realizada. Aprovada uma proposta de atenção primária em saúde, com enfoque prioritário em promoção e prevenção da saúde. A meta era atender a todos os membros ou segmentos da sociedade até o ano de 2000. Na ocasião, a OMS reafirmou que “a saúde não é apenas a ausência de doença e sim um completo bem-estar físico, mental e social”.

No Brasil, em 1988, a Nova Constituição Brasileira declarou que “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. Nesta ocasião foi garantido a todo cidadão, por lei, o acesso às ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde.

Em 1994 o Programa Saúde da Familia (PSF) foi criado com o objetivo de implementar o processo de mudança do paradigma que orientava o modelo de atenção à saúde da época. Alicerçado pelo comprometimento com um novo modelo que valorizava ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas. Esperava-se que ele superasse o anterior, que se baseava na supervalorização das práticas da assistência curativa, especializada e hospitalar e que induzia ao excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos. Era um “novo modo de fazer saúde”.

Segundo o próprio Ministério da Saúde, eram tarefas do médico do PSF: realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias, em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade.

Em 2005 numa avaliação publicada na Revista Latino-americana de Enfermagem, Rosa WAG e Labate RC  sugeriam que onze anos depois de implantado,o PSF “…não é muito diferente do modelo atual que infere que consultas e exames são equivalentes a soluções para os problemas de saúde”. Rosa WAG, Labate RC. “Programa Saúde da Família: a construção de um novo modelo de assistência”.Rev Latino-am Enfermagem 2005 novembro-dezembro 13(6):1027-34

Leia na integra, no link:   http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n6/v13n6a16.pdf

Avaliando a saúde segundo parâmetros aferidos no dia a dia do consultório médico na clínica privada, ainda hoje muito pouco mudou desde 1994, quase dezessete anos depois do “novo modo de (pensar e) fazer saúde”.

É chegado o momento de nos mobilizarmos. O inconsciente coletivo aponta outra direção para a saúde. A necessidade de mudança de foco no tratar da saúde hoje é cobrada pelo próprio paciente!  A Medicina ortodoxa, numa atitude pouco inteligente, para não dizer arrogante, não se permitiu complementarizar.  Não admitiu agregar valores conhecidos há muito tempo, em nome da tão falada medicina baseada em evidências. Cometeu aí um grande êrro!

Deixou passar, ao largo, a oportunidade de se agigantar, agregando todo conhecimento disponível e enriquecendo o arsenal de opções a oferecer para a retomada da saúde. Hoje existem várias medicinas, polarizadas sob as formas de Medicina ortodoxa e Medicina Alternativa ou Complementar ou Integral (prefiro essa terminologia).

Médicos repensando a Medicina

Algumas opiniões há muito conhecidas:

“… no mundo atual tão doente, o grande desafio para um médico é tornar-se um “promotor de saúde da comunidade no sentido mais amplo. Para que os futuros médicos sejam melhor preparados para enfrentar os problemas atuais de saúde, há necessidade de mudanças profundas em nossas faculdades de medicina. Os médicos precisam aprender a trabalhar com a comunidade inteira, não apenas com indivíduos doentes. Precisam aprender a compartilhar seus conhecimentos, a desmistificar suas habilidades…” Dr. David Werner é diretor de HealthWrights, Workgroup for People’s Healths and Rights  e coordenador regional do Conselho Internacional de Saúde dos Povos para a América do Norte na Califórnia. Ele apresentou esta palestra em 1990, durante o 40º encontro anual da Associação Americana de Estudantes de Medicina, Arlington, VA, EUA.

Quanto mais jovem o médico, mais invasiva e reducionista é a sua visão da Medicina, menos ele vê o todo, ocupado que está em tratar a doença e não o doente! Mas a culpa não é dele. A construção do conhecimento é antes de tudo papel da Instituição de Ensino. E, quem ensina? O médico mais velho, mais experiente. Este com certeza já se questionou (ou foi questionado) a respeito da falência do modelo atual. Mas então porque apenas alguns de nós assumimos a necessidade de mudança? Se o próprio indivíduo leigo, já busca (ativamente) alternativas ao modelo oficial, por que continuamos a ignorar o movimento crescente em direção à humanização da medicina e contra o reducionismo cientifico?

A esse respeito já foi dito:

“… A maioria das faculdades de medicina do mundo prepara o médico não para a saúde da população, mas para se dedicar a um exercício da medicina que é cego para tudo que não seja a doença e a tecnologia para tratar dela…” Dr. Halfdan Mahler Ex-Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde, diretor do Primeiro hospital de ensi- no de medicina natural na Grã-Bretanha.

Mas,

“… A idéia de assumir a responsabilidade por sua própria saúde é tão estranha à maioria das pessoas que é assustador. Quão mais confortável é pôr nossas vidas nas mãos de outrem, como o médico…” disse o Dr. George Spaeth, médico oftalmologista do Wills Eye Hospital.

A Medicina da saúde está ao meu e ao seu alcance e a medicina da doença é do que nos ocupamos nós, os médicos.

“… doença é da responsabilidade do médico, dos cuidados da enfermagem, da organização hospitalar e da sociedade como um todo organizado, porém a saúde é responsabilidade de cada um de nós…”

             “… saber da tendência natural que o corpo tem à saúde e como é válido o princípio da homeostase, que significa equilíbrio e tendência natural à saúde…”

“… a humanidade está doente física ou emocionalmente porque está vivendo fora de seus padrões naturais, e estes doentes muitas vezes não têm conhecimento de seu estado de saúde, tornando-se dependentes de produtos químicos e farmacêuticos…”. Estas são três frases extraídas do livro de outro médico, Dr.Antonio Quintanilha:  “Coluna Vertebral: segredos e mistérios da dor”– AGE Editora, 2002

Com o avanço tecnológico e científico temos visto mudar celeremente os conceitos em muitas áreas do conhecimento humano. Na Economia, na Engenharia, no Direito e muitas outras. Na Medicina não tem sido diferente. A quantidade de informação é tanta que para darmos conta dela com a máxima eficiência tivemos que dividir com outros profissionais o conhecimento em saúde. A Biomedicina, a Engenharia Genética, a Engenharia de Alimentos são algumas das parcerias que nos ajudaram a reformular nosso pensamento a respeito do cuidado médico. Depois que aprendemos que a expressão da doença não depende unicamente da genética e que podemos intervir de forma bastante eficaz na prevenção, muito se tem falado em promoção de saúde. Seria talvez o momento de nos dedicarmos a uma nova área de especialização médica para que, no dia a dia, possamos nos encarregar de oferecer aos pacientes a informação e os cuidados necessários para uma maior qualidade de vida na longevidade.

Nós médicos, com certeza e cada vez mais queremos ajudá-lo na tarefa de manter a sua saúde.

Apenas tenha um pouco de paciência conosco (médicos) porque apesar de bem intencionados ainda somos muitos com dúvidas a respeito da multiplicidade de opções e de como utilizar tudo que sabemos hoje. Outros ainda manifestam grande ceticismo em relação à eficácia da intervenção médica através de recursos outros que não a medicação alopática e o trabalho pontual com a doença.

O viés não ortodoxo em relação à saúde e ao tratamento do indivíduo não é tolerado pela maioria dos médicos. A comunidade científica se fecha em torno da medicina baseada em evidências em detrimento de um olhar mais generoso em seu entorno. Ao conhecimento milenar adquirido em todas as áreas relacionadas à saúde não é dado sequer o beneficio da dúvida.

E esta integração entre as “medicinas” poderia ser tão bem explorada! O reducionismo médico-científico (alopatia) aliado à medicina do todo (meio ambiente e ser humano psico-fisico-social) contemplariam as múltiplas manifestações e causas de ausência de saúde. Menos iatrogenia e provavelmente mais qualidade de vida é o que teríamos no longo prazo.

 

Muito se faria pela saúde se pudéssemos repensá-la sob novas bases!


Iatrogenia refere-se a um estado de doença, efeitos adversos ou complicações causadas por ou resultantes do tratamento médico. Contudo, o termo deriva do grego iatros (médico, curandeiro) e genia (origem, causa), pelo que pode aplicar-se tanto a efeitos bons ou maus. Em farmacologia, o termo iatrogenia refere-se a doenças ou alterações patológicas criadas por efeitos laterais dos medicamentos.  http://pt.wikipedia.org/wiki/Iatrogenia.

A Medicina e o cuidar da saúde

A Medicina ortodoxa não priorizou a visão do todo. Ela considera tão somente um órgão, tecido ou sistema a ser reparado na doença. Mais ainda, ela não admite estratégias terapêuticas diferentes daquelas ditadas pelo cientificismo da visão ortodoxa, alopática.

Penso que não se deve eleger nenhuma forma terapeutica como verdade única. Acredito que todas sejam ferramentas úteis, a cada momento, e em cada caso. E que não existe apenas uma única forma ideal de tratar um doente. Isso porque ainda acredito na capacidade ímpar de restabelecimento do organismo. E para mim, tratar deve ter o significado de ajudá-lo a voltar à situação de homeostasia, com o mínimo desgaste possível. Lembra da bateria que vai perdendo energia, como eu disse em outro post, e em determinado momento não consegue mais retomar a tarefa de manter o equilíbrio? Mínimo desgaste possível significa procurar manter inalteradas as rotas bioquímicas pré-estabelecidas. Isto só é possível se as drogas sintéticas forem utilizadas cada vez menos e por menos tempo.

E todas as formas de cuidar serão úteis, pontualmente, no tratamento de cada indivíduo, e específicas para ele, uma a cada momento. Mas nenhuma delas deverá ser usada cronicamente na manutenção do estado de saúde. Esta tarefa deverá ser devolvida ao próprio organismo. No longo prazo, todas elas, drogas alopáticas, fitoterápicas e/ou suplementação biomolecular são indesejáveis, a não ser na situação de manutenção da vida, quando o organismo já perdeu a capacidade de retomar o controle e a homeostasia. Neste caso específico, sem dúvida, a alopatia é opção única.

O que questionamos é a excessiva valorização da doença em detrimento da promoção de saúde. E lembramos ser mais importante valorizar a prevenção das emergências que a medicina oficial trata, com sucesso, para ver, depois de algum tempo, o retorno do mesmo paciente a situações de risco igual ou maiores que aquelas dos quais o socorreu essa medicina organicista.

          Nós estamos vivendo a era da globalização, da visão do macro, do olhar à distância. A Medicina parece andar na contramão da sua época quando se torna, cada vez mais reducionista, localizada. Especialidades, sub-especialidades, avaliações míopes, cada vez mais olhando apenas o órgão doente, tratando aquela célula diferente. Mas nada no organismo funciona isoladamente!   Ele é uma máquina  de múltiplas funcionalidades, mas todas fazendo parte de um ambiente controlado com perfeição pelo conjunto de órgãos que se auxiliam na busca da manutenção do equilíbrio orgânico.

          Pare e pense!  Desde que nascemos essa máquina passa por mudanças, trilhões de vezes a cada dia, programada que foi para nos auxiliar a manter a vida pelo tempo que puder ser usado o seu sistema de compensação. E cada vez mais o organismo está ocupado em nos proteger de todas as múltiplas formas de agressão que nos atingem.O caos ambiental não difere do caos interno vivido hoje, por muitos de nós .Fomos os responsáveis pela destruição ambiental, assim como somos responsáveis pela falta de saúde (cada vez maior)!

Ainda podemos mudar este cenário!

A qualidade de vida tem acompanhado a longevidade?

Vida: longevidade com qualidade.

Tem sido assim?

Cada um de nós nasce com uma bagagem genética individual, uma máquina (organismo) programada para fazer as alteraçõe necessárias para a retomada do equilibrio interno, a cada adversidade que surja (de acordo com as possibilidades de cada um) e uma “bateria” com vida útil média pré-estabelecida mas que a cada mudança de rota (reprogramação orgânica) perde um pouco de energia que não será reposta “ad eternum”.

Em outras palavras:

O que nos dá vida é algo indefinível até hoje, mas que mantém o todo orgânico funcionando bem azeitado. E do que essa coisa que passo a chamar de energia se nutre? Daquilo que é a nossa essência: a felicidade, que é a ligação com a criação, com o todo, através da natureza e do amor. Estar feliz é estar em paz, conseguir ver e sentir a beleza à sua volta. Ser capaz de estender a mão a qualquer um que precise. É amar a si mesmo e aos outros. Deixar de pensar como indivíduo, apenas, e ter consciência cada vez maior, de ser parte de um todo infinito. A saúde é um reflexo deste estado. Não somos (e nunca seremos) absolutamente saudáveis (mesmo quando não tivermos doença aparente).

Mas podemos ser saudáveis o suficiente para ter uma vida plena e uma velhice digna de ser vivida.

O que os médicos fazem (e bem), é apenas estabilizar-nos por um tempo. Tempo este maior ou menor, dependendo do quanto já consumimos da nossa“energia”disponível. Vida, em outras palavras, é a energia dentro de nós que mantém funcionante a capacidade de auto-regulação do nosso organismo. Cada vez que ela (energia) diminui, nós médicos entramos em ação e mantemos o corpo funcionando, até que ele se recupere e passe a dar conta sòzinho da tarefa. Mas, não é infinita esta energia. Ela diminui com a idade. Isso já sabemos, uma vez que aos poucos existe uma falência múltipla dos nossos órgãos e morremos. Alguns com mais de cem anos, outros antes dos sessenta.

O que nós, médicos, aprendemos foi como manter o organismo vivo por mais tempo, mesmo que a energia que reste a ele, sòzinha, não seja mais capaz de mantê-lo.

Do outro lado da questão, está a percepção cada vez mais intensa de que essa nossa energia vem de uma espécie de pilha que pode ter recarga sim, mas não ilimitada. Cada vez que ultrapassamos os limites de uso, a energia que sobra vai sendo insuficiente para reequilibrar-nos diuturnamente. E aí o ciclo passa a ser vicioso. Os remédios e cirurgias nos reequilibram, temporàriamente, mas ao longo do tempo, além de ficarmos reféns deles, seus efeitos sobre esta energia que resta não são positivos. É como uma bateria que é recarregada sem estar completamente sem carga: fica viciada e não mais funciona com plena autonomia durante o tempo que foi programada para durar.

Não seria ótimo que aliássemos mais qualidade de vida à longevidade que nos é possível hoje pelos avanços da ciência? Ela (ciência) se agigantou em muitas áreas, mas estagnou em muitas outras. Como não fomos capazes de ver que o nosso novo estilo de vida minaria os esforços em relação à melhoria do estado de saúde, que esperávamos que viesse atrelada à longevidade conquistada?

Pesquisas mostram que vivemos mais sim, mas que esses anos a mais não representam, para a maioria de nós, conforto e bem estar.

Rudiger Dahlke em seu livro “Qual é a doença do mundo – os mitos modernos ameaçam o nosso futuro” comenta que, de 1920 a 2001,quando o livro foi editado, as ditas doenças da civilização aumentaram exponencialmente, segundo a Organização Mundial de Saúde. Em ordem decrescente, a doença de Alzheimer aumentou em oitenta e nove vezes, a esclerose múltipla cinqüenta e nove vezes, o diabetes mellitus cinqüenta e oito vezes e a obesidade, o câncer, as doenças reumáticas e as cardiovasculares au- mentaram, respectivamente, trinta e cinco, vinte, dezessete e catorze vezes,neste período de oitenta e um anos.

Em menos de cem anos tivemos uma deterioração da saúde inimaginável para quem pensava em longevidade caminhando paralela à qualidade de vida. Imaginava-se uma sendo conseqüência natural da outra e ambas fruto do desenvolvimento tecnológico e científico que vivemos neste período.

Estávamos errados. E poucos de nós, como já disse, nos demos conta ou nos importamos com essa nova realidade. Mais do que isso, poucos de nós nos preocupamos em alertar outros sobre ela. E todos os que pensam a saúde integrando corpo, mente e meio ambiente têm vivido e praticado “medicinas” diferentes da medicina oficial, ortodoxa.

É sempre tempo de reflexão!