MEDICINAS: qual a diferença?

Medicina da Saúde  &  Medicina da Doença

Hoje, nós médicos, estamos aprendendo a entender e identificar o momento em que começamos a perder saúde. Conhecemos também a individualidade bioquímica e funcional para modificar rotas, corrigir estilos de vida e evitar o adoecimento.

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A evolução da criança é acompanhada de perto pelo médico que faz puericultura. Os erros e acertos desta fase são monitorizados pelo profissional de saúde e a condução da evolução física é (ou deveria ser) plena e assertiva!

Por que, depois dessa fase não existe mais orientação para o desenvolvimento e manutenção do equilíbrio orgânico na melhor da sua potencialidade? Ajustes de rota , reorientação e adoção de rotinas para o retorno às funcionalidades orgânicas plenas…já não são mais buscadas pelo individuo nem são ativamente indicadas pelo profissional de saúde!

 

A Medicina da Doença é o que aprendemos nas escolas médicas e praticamos no dia a dia. Nós, indivíduos, passamos anos buscando remédio para novos sintomas que surgem. E médicos vivem de identificar esses sinais e sintomas, montar os quebra-cabeças de cada individuo, catalogando cada um nessa ou naquela doença conhecida (quando as peças se encaixam). Depois dessa etapa, a medicalização da doença identificada!

Alguns indivíduos reclamam que não se sentem bem, estão “diferentes”, já não são como antes…mas vão aos consultórios e clinicas e, apos  vários exames (inclusive de sangue e de imagem), os médicos dizem que eles estão bem. Não estão doentes. Qual o motivo das queixas então,perguntam… se sentindo incompreendidos em seu mal estar. É que ainda estão adoecendo, mas seus organismos se mantem hígidos pelos mecanismos de compensação…e não apresentam (pelo saber medico ortodoxo) sinais da doença em curso.

equilibrio organico     compendio de medicina

É bom lembrar que, em relação à saúde, somente quando TODAS as peças se encaixam (sinais e sintomas), identificando um determinado perfil (já estudado) é que podemos dar nome à doença e definir o tratamento (terapêutica).

O tempo entre as mudanças de rota (bioquímicas e funcionais) que acontecem dentro do organismo e a doença identificável (que tem um nome e um tratamento especifico) costuma ser muito grande: de 7 a 10 anos!

Nesse intervalo, o organismo tenta “apagar incêndio” e muda rotas , alterando as funções orgânicas aqui e ali, numa tentativa hercúlea de reequilibrar o todo (homeostasia).

homeostasia aula

homeostase

Ação essa que funciona por um tempo até que mecanismos homeostasicos tornam a “nova fisiologia”…ou nova forma de funcionar tão diferente da original que não é mais possível permanecer sadio. A doença se instala e  o corpo pede socorro. Aí entra a MEDICINA DA DOENÇA. O médico pode ajudar …muito…na emergência e na doença instalada! Ele (medico) salva e prolonga vidas, com certeza! Tem sido esse o papel da medicina ortodoxa. A longevidade é uma realidade incontestável…mas a qualidade de vida não acompanhou os anos de vida que ganhamos hoje!Mas…devagar e sempre estamos aprendendo a nos antecipar à doença. A entender e traduzir a mensagem subliminar que formatam as mudanças de rota ao longo do tempo e nos levam ao adoecimento, caso não façamos uma intervenção positiva e gradual!

A meta em saúde é não deixar que todas as peças do quebra-cabeça de cada indivíduo se encaixem! É reconhecer os fatores de risco e mantê-los adormecidos ou mesmo nos contrapormos a eles e eliminá-los de vez! Quebra-cabeças incompleto significa ausência de doença…ainda! Podemos reverter o processo se introduzimos mudanças de hábitos ao nosso dia a dia!

quebra cabeças em medicina

A degeneração orgânica acontece com o envelhecimento claro, mas se somos capazes de perceber as vias comuns catalizadoras da doença seremos capazes de envelhecer com mais qualidade de vida! Mantendo a mobilidade e a autossuficiência e permitindo o funciona- mento de todos os sistemas harmonicamente, mesmo que já não mais em plena função. Em outras palavras, otimizamos essas funções para que elas possam continuar somando esforços e mantendo a higidez do todo.

Saúde é equilíbrio!

idoso saudavel

Vamos ressignificar o envelhecimento! Podemos ser idosos com saúde. Apenas funcionando em potencialidade diferente de quando éramos jovens…, mas em equilíbrio! Palavra chave no processo de ausência de doença e envelhecimento.

Vale lembrar que a definição de saúde não é mera ausência de doença!

O que nos fez pensar que poderíamos seguir em frente sem procurar entender o que cada um em sua individualidade precisa para se manter bem…pelo tempo que levar nossas existências nesse planeta? O que nos liberou da necessidade de cuidar de nós e do nosso meio ambiente (interno e externo) para termos uma vida melhor?

Não viemos ao mundo com um “manual do proprietário”…então deveríamos ter aprendido a nos reequilibrar a cada dia…para ter uma vida saudável e feliz! Cada dia é uma oportunidade de fazer diferente o mesmo caminho. É assim na vida diária…por que seria diferente em relação à saúde?

ROTINA

Crescemos bem, chegamos até a idade adulta, vivemos bem até agora então…é só continuarmos a viver…da mesma forma. É assim que pensamos! Mas na realidade as estatísticas nos mostram uma outra realidade. É por esse viés que entendemos que não mudar o curso, em algum momento, antes do adoecimento, nos levará com certeza às doenças degenerativas crônicas não infecciosas que têm tirado a dignidade do nosso envelhecimento e morte!

A MEDICINA DA SAÚDE prioriza e ensina o retorno à homeostasia e as mu danças de rota necessárias para o equilíbrio orgânico, que é a chospitalhave da saú de e da longevidade.

 

A Medicina cuida de gente…, mas em seus dois momentos possíveis: saúde e doença. E não é por demérito que nomeamos a arte de cuidar da doença instalada, da doença que está matando hoje e amanhã de MEDICINA DA DOENÇA. Ela é imprescindível, sim.

 

Mas vamos entender e priorizar o conhecimento acumulado ao longo dos anos em relação à manutenção da homeostasia, através da promoção de saúde e da prevenção primária.

doutor obrigado

Vamos dar vez à MEDICINA DA SAÚDE para que possamos mudar os indicadores de saúde reduzindo as estatísticas de adoecimento, em todas as suas formas e devolvendo a nós, humanos, a qualidade de vida que podemos ter, do nascimento à morte.

 

NASCER, ENVELHECER E MORRER COM DIGNIDADE!

VAMOS NOS ANTECIPAR À DOENÇA!

VAMOS EFETIVAMENTE CUIDAR DA SAÚDE!

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Não somos reféns da nossa genética!

Hoje sabemos que a longevidade depende mais do estilo de vida (73%) do que da carga genética (17%) ou outros fatores (10%), percentuais esses que foram estimados por diversos estudos conduzidos por universidades americanas. A epigenética tem se manifestado a respeito, endossando o viés estilo de vida como o fator mais importante na redução da expressão de genes defeituosos que levariam à manifestação da doença. Em outras palavras, não somos reféns da nossa genética como pensávamos. Podemos mudar nossa história. Podemos ser mais saudáveis do que nossa programação genética nos permitiria. Depende de nós!

Sabemos também que o estresse crônico da vida moderna é o grande vilão sendo responsável por 80% de todas as consultas médicas (Harvard).

Segundo Marie Bendelac e Wanda Quadra, wellness coaches   do www.becoaching.com.br   o controle do estresse através de  “…melhor gestão do tempo, mudanças dos fatores de risco para a saúde, redução do nível de ansiedade e aumento da resiliência…” é uma ferramenta poderosa quando a meta é promover saúde e atuar em prevenção primária.

Há cerca de 3 décadas vem evoluindo o movimento para mudanças do paradigma médico que sempre foi a identificação e o tratamento da doença, tão somente.

A doença está deixando de ser o foco da atenção médica. Queremos mais! Queremos nos antecipar a ela. Buscamos retomar um estilo de vida mais saudável para uma vida mais longa sim, mas com mais qualidade, principalmente.

Aprendemos muito ao longo desses anos. E temos revisitado as práticas milenares que foram substituídas pela visão míope da medicina ortodoxa, como hoje sabemos. Cabe aqui ainda um mea culpa a respeito do pensamento coletivo sobre saúde, de médicos, cientistas e todos os profissionais da área da saúde.

Mas a verdade é que evoluímos muito do ponto de vista tecnológico. Apesar de sermos capazes de salvar muitas vidas antes ceifadas devido a graves acidentes e traumas, além de doenças agudas infecciosas, no terreno da doença crônica degenerativa temos menos a oferecer em termos de qualidade de vida ao paciente, no longo prazo.

Em outras palavras, num ritmo bem mais lento, estamos reaprendendo a cuidar melhor do nosso corpo e mente objetivando uma crescente redução dessas doenças degenerativas, com aumento da qualidade de vida em paralelo à longevidade adquirida nas ultimas décadas, por conta da evolução tecnológica médica.

Ainda há muito o que fazer e a atenção deve estar voltada para a promoção de saúde para que a longevidade saudável possa ser uma realidade para todos nós.

A Medicina usa uma escala evolutiva para graduar os níveis de prevenção da doença (prevenção primária, secundaria, terciária e quaternária). Chamamos de prevenção primária o estágio pré-doença, quando ainda não existem sintomas ou sinais de doença, mas já observamos no organismo desvios de função para criar um novo equilíbrio possível.

Mas o que mais vemos hoje é a detecção precoce da doença através de prevenção secundária ativa (check-up). No estágio anterior poderíamos evitar a doença. Já na detecção precoce conseguimos reduzir (muito) o prejuízo funcional no longo prazo. Mas a doença está instalada. A medicalização é necessária qualquer que seja ela.

Prevenção ipsis literis seria a identificação desde cedo dos fatores de risco individuais através do terreno biológico de cada um, uma contribuição brilhante da forma de entender a doença, sugerida pela visão homeopática de adoecimento. É preciso revisitar conceitos ancestrais a respeito do desvio da fisiologia orgânica.

A máquina humana é maravilhosa e de uma beleza ímpar! Impossível de ser recriada em toda sua essência.

E essa máquina nos pede ajuda quando precisa e nos dá prazo suficiente para que a  ajuda chegue em tempo de realinhar parâmetros fisiológicos e iniciar a retomada do funcionamento viável para cada organismo, a seu tempo! Pena que nós ainda não estejamos completamente familiarizados com a linguagem do corpo. Em relação às doenças crônicas degenerativas ela, doença, avisa que vai acontecer. E há um hiato grande (de até 5 a 7 anos) entre as mudanças fisiológicas de compensação e a falência dos mecanismos de reequilíbrio. É quando a homeostase se rompe e sobrevém a doença, com seus sinais e sintomas característicos.

Nesse intervalo o indivíduo “nada sente” ou procura o médico com queixas mínimas, banais, aqui e ali mas, após exames complementares (ainda normais às custas de mudanças orgânicas tentando reverter o processo de adoecimento), ele sai do médico sem muitas respostas. Não tem doença detectável…ainda. Apenas queixas isoladas e não valorizadas.

A sensação de que já não é mais a mesma pessoa, que o organismo mudou existe. Mas ainda não é possível tratar o que efetivamente não pode ser diagnosticado (ainda). A doença ainda não se instalou. Mas esse é o momento em que a mudança é possível! O período em que a doença ainda pode ser evitada. Seja ela qual for. Um parêntese para lembrar que estamos aqui nos referindo sempre às doenças crônicas que tornarão o indivíduo refém de medicação para o resto da vida e não das doenças infeciosas ou inflamatórias por desequilíbrio pontual do nosso organismo, que se refaz num período breve e retoma o controle da saúde.

Mudar nossa história é possível! E desejável, uma vez que estamos mais longevos a cada dia devido ao avanço tecnológico em relação à manutenção da vida.

A questão agora é a qualidade de vida que vamos ter nos anos a mais que ganharemos de tempos em tempos, com a evolução da ciência. Longevidade saudável é a nossa meta! Plenamente alcançável e mensurável se individualizarmos o cuidado em relação à saúde.

A morte é inevitável e deveria ser consequência natural de uma vida plena e bem vivida. Evitamos falar nela, mas todos desejamos uma morte súbita, sem sofrimento, depois dos 80 ou 90 anos. Como no dito popular…” morrer como um passarinho”. Morrer de morte morrida. Morrer de velhice sim, mas sem doença incapacitante.

Mas o que se vê hoje é bem diferente. Uma morte anunciada, doida e sofrida, solitária e sem dignidade. Ligados a aparelhos em unidades de cuidados intensivos, geladas (física e emocionalmente falando) e isoladas do contato humanizado que tanto conforta! Às vezes um prolongamento desumano da vida, aqui e ali aliviados pelas unidades medicas de cuidados paliativos (ainda raras no nosso meio). Em fóruns permanentes a Ética Medica cuida do assunto, enquanto estatísticas mostram aumento nas ditas doenças crônicas degenerativas que nos levarão a essa situação caótica no fim da vida. Mas poderia ser diferente!

A morte em vida é quando estamos “vivos” ligados a aparelhos que mantém nossas funções básicas mas não sentimos mais a vida dentro de nós. Estamos muitas vezes em casa, acamados, cercados de cuidados, sim, mas “mortos” para a vida de relação e de felicidade que está nas pequenas coisas que já não podemos fazer, ter ou ver.

Meu avô ficou 13 anos deitado numa cama, lúcido, mas sem falar, só interagindo pelo olhar com um tubo para respirar e uma sonda para ser alimentado. Um cenário muito triste, inesquecível e apavorante que infelizmente ainda é comum nos dias de hoje. Levamos nossos queridos para casa, cuidamos deles, mudamos a dinâmica da casa, da família e em algum momento nos perguntamos se o sofrimento do doente e da família não poderia ter sido evitado.

Vamos optar pela vida! Pela saúde em vez da doença! A saúde na longevidade pode e deve ser uma meta comum a todos nós. Precisamos de orientação em nutrição, ter o apoio de um educador físico para eliminar de forma permanente o sedentarismo, além da ajuda de ferramentas de psicologia comportamental para aumentar nossa motivação e nos facilitar o alcance de metas em saúde. Além disso, claro, precisamos de políticas públicas que alcancem a população em geral, através de educação voltada para esses três pilares da saúde integral.

Um “check-up” é muito bom e faz o diagnóstico precoce ajudando muito no tratamento e sobrevida dos indivíduos, diminuindo muito as deficiências funcionais decorrentes da enfermidade.  Mas o gol deve ser sempre evitar a doença!

Muitos médicos brasileiros já estão engajados nessa causa há algum tempo. Muitos estão dando seu recado nas mídias sociais, através de livros, e-books e até mesmo em palestras e programas de TV. Cada um dando a sua contribuição para mudar esse cenário pobre que não é só da Medicina Brasileira.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) num manifesto significativo, através da Declaração de Alma-Atta nos anos 80 dava o passo inicial para alavancar as mudanças necessárias para mudar o cenário ruim que já se desenhava desde então. De lá pra cá as mudanças foram muito poucas. As expectativas não se mostraram realistas. Vivemos hoje epidemias de obesidade, câncer, diabetes e muitas outras doenças degenerativas crônicas, conforme previsto desde aquela época.

Na América o “Life Style Medicine” e o “The Spectrum” são iniciativas importantes na prevenção da doença e na veiculação de informação importante a respeito das causas das doenças e de como evita-las.

Aqui no Rio, um exemplo a ser seguido é o do programa TAKE CARE que aplica o conceito da “Medicina do estilo de Vida” em sua proposta de “ transformação do indivíduo nos aspectos físico, mental e social”.

Cito aqui a frase emblemática que eles usam: “Quando a dor da vida é maior que a dor da mudança, nós procuramos meios de quebrar velhos hábitos para superar e viver melhor”

Por que esperar para sentir essa dor?

Façamos as mudanças necessárias hoje, aqui e agora. Por uma coletividade mais saudável, feliz e capaz de atingir seus objetivos e realizar suas missões de vida.

Que a saúde seja o nosso mantra!

Dê uma chance à saúde!

Uma nova chance para sua saúde!

A respeito de mudança de estilo de vida, tive oportunidade de ler um texto de LUIZA FURQUIM em matéria veiculada pela revista SERGIO FRANCO&CDPI.

Uma nova chance para sua saúde” é o título da matéria. Além de listar 15 atitudes saudáveis o texto fala sobre a dificuldade de sair da zona de conforto, ou seja, de mudar um hábito antigo. Citando o presidente da Sociedade Brasileira de Programação Neolinguística (SBPNL), Gilberto Cury, ela dá cinco dicas para atingir metas e ainda fala sobre o “caminho das pedras” para quem efetivamente se compromete a mudar de hábitos. É difícil, mas não impossível!

Deve-se estar consciente de que mudar não é fácil, mas se é o que se pretende, as dicas são: não pensar numa meta inatingível a curto prazo, colocar no papel o que pode ser feito a respeito, pedir ajuda (a médicos e outras profissionais da equipe de saúde), além de trocar experiências com quem foi bem sucedido na mudança que você deseja para você. E, é claro, persistir!

No processo de coaching o passo a passo é basicamente o mesmo:

Foco na meta, planejamento cuidadoso, ação, comprometimento com o resultado e com a melhoria contínua!

A resistência à mudança de hábitos, mesmo sabendo das consequências a médio e longo prazo do seu comportamento de risco para esta ou aquela doença é o entrave maior para nós médicos no cuidado de nossos pacientes. Muitas vezes nos sentimos impotentes frente a desfechos anunciados com tanta antecedência e que não puderam ser evitados!

Além disso nós também somos reféns dessa dificuldade (alguns de nós). Quem não conhece um cardiologista que fuma ou um clinico sobrepeso? Antes de médicos somos indivíduos e temos as mesmas dificuldades que nossos pacientes. Mas apontarmos a melhor direção é suficiente? Com certeza funciona mais facilmente se somos exemplo do que pregamos.

Vamos todos mudar?

Aumentar a qualidade de vida na longevidade só depende de nós! Mas é tão mais fácil “empurrar com a barriga”, não é mesmo? Dizemos…ah, prefiro continuar assim e viver menos do que fazer esse esforço. Mas eu sempre lembro que morrer mais cedo é o de menos. O grande desafio é viver sem mobilidade, com dependência de terceiros, com dor crônica ou refém de uma máquina.

Mas vamos ser afirmativos. Podemos fazer a mudança que queremos ver no mundo. O comprometimento com a modificação dos fatores de risco para doenças crônicas degenerativas que crescem de forma alarmante ( “epidêmica” ) deve ser de todos nós!

Médicos e pacientes.

Sobre a autodisciplina necessária à longevidade com qualidade de vida!

Um texto sobre qualidade de vida, bem estar e autodisciplina que foi escrito em 2006 pelo Dr. ALBERTO MOSA, colega de turma da Faculdade de Medicina da UFRJ.

O tema permanece pertinente e muito atual…

Ele diz:

“Todos somos, em princípio, uma existência em desequilíbrio. Cometemos erros permanentes no decorrer de nossa vida. Não há uma receita de caminho correto ou da falta de erros. Estes devem ser continuamente avaliados e corrigidos. Reflexão é a palavra chave para que se possa cada vez mais melhorar aquilo que se chama de qualidade de vida.

A educação, de nossa individualidade, de nossos sentimentos e o crescimento intelectual é o pilar para a criação da autodisciplina que nos fará superar as adversidades e consequentemente melhorar a qualidade de vida.

O nosso corpo é nossa casa, moramos dentro dele permanentemente!

Daí a necessidade primordial que o mantenhamos conservado para que os objetivos de bem estar possam ser alcançados. O que se vê hoje são as pessoas indo além dos limites do próprio corpo, cometendo excessos alimentares, usando drogas licitas e ilícitas, mantendo horários de trabalho e de vigília além daqueles que se suportam, tudo isso sempre alicerçado em justificativas sem fundamento e sem reflexão, tais como: eu gosto, eu quero, pouco me importa…

E outras semelhantes que só demonstram que o indivíduo, não teve e não tem um crescimento pessoal adequado e consequentemente sofre de uma ausência total de autodisciplina.

Grandes estudos internacionais de observação de doenças e seus tratamentos nos permitem alertar os pacientes para os caminhos de prevenção dos riscos de aparecimento de situações de desgaste físico acentuado, que acabam resultando na instalação de doenças agudas ou crônicas.

Hoje é muito fácil se prevenir doenças como Diabetes, Hipertensão Arterial, Insuficiência Cardíaca, Insuficiência Renal, Artroses e Degenerações de Coluna. E mais tantas outras doenças, além é claro, de existirem exames para detecção precoce de vários tipos de cânceres e mais do que tudo, as noções de segurança na prevenção de acidentes no trabalho e no dia a dia.

Apesar de tudo isto, as pessoas continuam na sua grande maioria, cuidando apenas das consequências de sua falta de cuidado com o corpo e a saúde.

Os médicos não podem cuidar de ninguém a não ser deles próprios, o que eles podem é ensinar e orientar os outros indivíduos, porém o tratamento é sempre uma decisão pessoal, resultado do crescimento interno e da autodisciplina de cada um”.

Foi um grande prazer ler seu texto.

Comentei com ele ter gostado do que ele pensa a respeito de qualidade de vida e a observação sobre a falsa relação entre “gozar de boa saúde”, ter saúde plena e equilíbrio pessoal. Mais ainda quando diz que somos “existências em desequilíbrio”. Esta é a expressão que melhor nos define como pessoas.

Todas verdades muito bem escritas.

Mas, o que nós médicos podemos fazer em relação aos que não têm autodisciplina para manter os cuidados necessários?

Um filho rebelde…deixamos de alertar sempre que possível a respeito dos maus hábitos ou ainda,deixamos de cuidar dele quando ele volta doente ou necessitado do nosso conforto?

Mas é doloroso pensar que poderíamos ter evitado este desfecho!

A pergunta é: existe alguma estrategia mais eficaz para tentarmos ajudar indivíduos a adoecerem menos, APESAR do seu pouco comprometimento consigo mesmos?

A FIRJAN deu o primeiro passo em relação a essa questão: deu treinamento a alguns médicos do seu quadro de funcionários e vai adotar  ferramentas de“coaching” na educação e promoção de saúde de seus associados. Está contratando psicólogos, nutricionistas e educadores físicos.

Vamos ver o que acontece.

Tomara que possamos multiplicar esses resultados e melhorar a qualidade de vida e o bem estar dos que nos procuram e da população em geral cada vez mais.

Rumo à longevidade saudável para todos!

O coaching na Saúde

Mais de 30 anos depois da Declaração de Alma-Ata (1978) cujo mote era “Saúde para todos no ano 2000”, vivemos uma epidemia de obesidade, de câncer e de doenças degenerativas cronicas (EVITÁVEIS!).
O que nos imobiliza?
Quais os nossos sabotadores de saúde coletivos?
Como o processo de coaching pode ajudar a colocar em perspectiva a necessidade e direito básico do individuo que é ter saúde?
A facilitação de informação em saúde e prevenção de doenças não mudaram as estatísticas médicas…

 
O que você pensa a respeito?
O que voce tem feito para melhorar seus indicadores de saúde?

 

O “coaching” na Saúde

 

A condução de projetos de consultoria em longevidade saudável através da utilização de ferramentas de medicina funcional e da implantação de programas de prevenção seriam otimizadas com a formação de equipe multidisciplinar. Ela estaria voltada principalmente para dar foco, desenvolver metas realistas e tirar o indivíduo da sua zona de conforto para que ele consiga dar um “up” em sua saúde. E (principalmente) para que permaneça focado nas metas e em melhoria contínua, rumo à longevidade com qualidade. A utilização de ferramentas de “coaching” na condução do trabalho em equipe seria de grande ajuda para alavancar as mudanças necessárias ao resultado mais rápido e duradouro.

Os profissionais poderiam atuar em endereços diferentes, cada um pontuando de acordo com sua especialidade, mas mantendo um prontuário único para cada indivíduo que teria uma “carteira de saúde” digital ou em mídia gráfica, por exemplo. Ou através de “reports” aos outros membros da equipe em ambiente virtual fechado ou ainda num espaço específico para atendimento do público alvo, independente da atividade profissional principal de cada membro da equipe. Nesse grupo estariam médico(s), nutricionista(s), nutrólogo(s) e psicólogo(s), além de educadores físicos.

Seria bem enriquecedora a atividade em grupo, cada um em sua área, porem juntos num mesmo objetivo final para o cliente: mudança de estilo de vida e construção de um modelo de saúde voltada para uma longevidade saudável.

A multiplicação de resultados através do trabalho com comunidades, desenvolvido em paralelo ao projeto voltado para indivíduos proativos que já estariam buscando qualidade de vida como objetivo principal em saúde ajudaria a dar alcance muito maior ao projeto e seus fins. Esse trabalho também teria o foco principal em saúde, porem com metas mais curtas e focando no objetivo a curto prazo, tentando identificar alvos possíveis que possam levar a resultados mensuráveis pelos próprios indivíduos. A identificação e cumprimento de metas curtas iria aos poucos levando à melhor qualidade de vida dos assistidos e devolvendo a eles a capacidade de cuidar e se responsabilizar pela própria saúde. A redução do índice de medicalização e de busca às unidades assistenciais públicas, já abarrotadas de pacientes e com um trabalho meramente paliativo seria apenas uma das consequências naturais do trabalho de conscientização e facilitação de informação levado às comunidades assistidas. As diferentes expertises dos profissionais da equipe multidisciplinar são essenciais ao projeto e dão suporte umas às outras.

Identificar o que pode ser melhorado hoje e agora é a meta número um desse projeto comunitário. Introduzir técnicas de trabalho pontual na área psicológica para dar suporte ao trabalho social parece ser crucial no aporte dessas questões com a população assistida.

Algumas ideias não postas em pratica, um trabalho que não saiu do “papel” há mais de cinco anos está “alinhavado” em www.comunidadeesaude.wordpress.com

Existem projetos muito interessantes na área governamental que podem ser avaliados através dos links disponibilizados no blog acima. Experiências bem sucedidas em outros países também estão disponíveis. A metodologia do “coaching” tem se mostrado eficaz! Ela pode ajudar (e muito) na área da Saúde.

O ajuste periódico da metodologia se daria através de feedback contínuo entre as várias unidades desenvolvedoras do trabalho. Uma experiência que tem tudo para dar certo e pode levar ao aumento dos índices de saúde e desenvolvimento humano do país.

Vamos responder de forma positiva ao aumento das doenças crônicas degenerativas evitáveis! O paradoxo na área da saúde está no aumento das epidemias dessas doenças apesar do desenvolvimento tecnológico e do conhecimento cientifico. A epigenética mostra ser possível modificar a expressão dos genes. Nunca se falou tanto em mudança de estilo de vida. Quais são os sabotadores coletivos que nos fazem conhecer o cenário negativo na saúde e não conseguir mudar o desfecho? A OMS e outras entidades divulgam estatísticas pessimistas em relação aos indicadores de saúde em todos os cantos do mundo. Por que é tão difícil mudar? O que, nós médicos e profissionais da saúde podemos fazer a respeito, além de sermos facilitadores de informação?

A presença de “coaches” nas empresas têm tido resultados fantásticos que são continuamente divulgados. Por que não aproveitar o conhecimento adquirido nessa área e levar à saúde os mesmos resultados positivos agregados ao desenvolvimento do processo de “coaching”?

Aqui no Rio de Janeiro, a FIRJAN está desenvolvendo um Programa de Saúde e Qualidade de Vida e vem recrutando profissionais para atuar lado a lado com os médicos. O projeto utiliza o “coaching” para alavancar os resultados desejados num prazo mais curto! E a proposta é que a melhoria seja contínua e não apenas pontual. É um trabalho necessário e que pode mudar efetivamente o cenário da Saúde do país.

Vamos participar?

Cada um em seu dia a dia ou junto com outros profissionais em projetos coletivos?

Saúde: o que mudou em 20 anos?

Cuidados primários de saúde e o PSF (programa de saúde da familia):

No Brasil, a  imperativa necessidade de mudança na forma de ver a saúde e administrar a doença é reconhecida e discutida em todas as esferas há pelo menos 20 anos.

Algumas iniciativas já foram tomadas.

O Programa de Saúde do Adulto foi criado com o objetivo de “… formular e implementar políticas de saúde direcionadas à assistência integral à saúde do adulto, segundo diretrizes do Ministério da Saúde para a área, contribuindo para aumento na expectativa e qualidade de vida da população no Distrito Federal”.

Este programa pretende “prestar assistência à saúde do adulto focando nos programas de diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica, dentro de um conceito de integralidade, mudando o foco de atenção na doença para atenção global de saúde, permitindo identificar os principais problemas que a afetam. Conheça o programa na íntegra em:  http://www.saude.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=6838

Ações como esta estão sendo implementadas, sim.

Mas em ritmo, dimensão e formato que não terão o impacto necessário para efetivamente conseguir mudar o cenário da saúde a médio prazo. E sendo assim, incapazes de desacelerar algumas das epidemias deste século, em termos de doenças degenerativas.

Em 1978 a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a UNICEF promoveram a Conferencia sobre cuidados Primários de Saúde que ficou conhecida como Conferencia de Alma-Ata, local em que foi realizada. Aprovada uma proposta de atenção primária em saúde, com enfoque prioritário em promoção e prevenção da saúde. A meta era atender a todos os membros ou segmentos da sociedade até o ano de 2000. Na ocasião, a OMS reafirmou que “a saúde não é apenas a ausência de doença e sim um completo bem-estar físico, mental e social”.

No Brasil, em 1988, a Nova Constituição Brasileira declarou que “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. Nesta ocasião foi garantido a todo cidadão, por lei, o acesso às ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde.

Em 1994 o Programa Saúde da Familia (PSF) foi criado com o objetivo de implementar o processo de mudança do paradigma que orientava o modelo de atenção à saúde da época. Alicerçado pelo comprometimento com um novo modelo que valorizava ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas. Esperava-se que ele superasse o anterior, que se baseava na supervalorização das práticas da assistência curativa, especializada e hospitalar e que induzia ao excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos. Era um “novo modo de fazer saúde”.

Segundo o próprio Ministério da Saúde, eram tarefas do médico do PSF: realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias, em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade.

Em 2005 numa avaliação publicada na Revista Latino-americana de Enfermagem, Rosa WAG e Labate RC  sugeriam que onze anos depois de implantado,o PSF “…não é muito diferente do modelo atual que infere que consultas e exames são equivalentes a soluções para os problemas de saúde”. Rosa WAG, Labate RC. “Programa Saúde da Família: a construção de um novo modelo de assistência”.Rev Latino-am Enfermagem 2005 novembro-dezembro 13(6):1027-34

Leia na integra, no link:   http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n6/v13n6a16.pdf

Avaliando a saúde segundo parâmetros aferidos no dia a dia do consultório médico na clínica privada, ainda hoje muito pouco mudou desde 1994, quase dezessete anos depois do “novo modo de (pensar e) fazer saúde”.

É chegado o momento de nos mobilizarmos. O inconsciente coletivo aponta outra direção para a saúde. A necessidade de mudança de foco no tratar da saúde hoje é cobrada pelo próprio paciente!  A Medicina ortodoxa, numa atitude pouco inteligente, para não dizer arrogante, não se permitiu complementarizar.  Não admitiu agregar valores conhecidos há muito tempo, em nome da tão falada medicina baseada em evidências. Cometeu aí um grande êrro!

Deixou passar, ao largo, a oportunidade de se agigantar, agregando todo conhecimento disponível e enriquecendo o arsenal de opções a oferecer para a retomada da saúde. Hoje existem várias medicinas, polarizadas sob as formas de Medicina ortodoxa e Medicina Alternativa ou Complementar ou Integral (prefiro essa terminologia).